Rússia vê como positiva carta de Zelensky a Trump, mas negociações seguem incertas
Presidente ucraniano se diz disposto a negociar; Rússia não abre mão dos territórios ocupados

Thiago Ferreira
O governo russo classificou como positiva a carta enviada pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No documento, Zelensky afirmou estar disposto a negociar o fim da guerra. No entanto, o impasse agora está em definir quem participará das negociações.
+ Suprema Corte dos EUA rejeita pedido de Trump para manter congelamento de ajuda externa
Enquanto Trump discursava ao Congresso norte-americano, a Rússia realizava novos ataques na Ucrânia. Odessa foi um dos últimos alvos, deixando milhares de pessoas sem energia.
Os Estados Unidos (EUA), por sua vez, deixaram de compartilhar informações sigilosas com a Ucrânia, conforme afirmou o diretor da CIA, a agência de inteligência americana. Essa mudança pode beneficiar os russos, que talvez sequer aceitem conversar com Zelensky. O presidente ucraniano também já havia assinado um decreto, em 2022, recusando-se a negociar diretamente com Vladimir Putin.
O ditador de Belarus, Alexander Lukashenko, aliado de Putin, elogiou Trump e disse que seu país poderia sediar as negociações, caso elas aconteçam. Porém, a Rússia já avisou que não abre mão dos territórios que invadiu. Segundo Putin, 3,5 milhões de ucranianos dessas regiões já receberam passaporte russo.
Na Europa, Reino Unido e França tentam equilibrar a diplomacia a favor da Ucrânia. Nos bastidores, há a possibilidade de Emmanuel Macron e o premiê britânico Keir Starmer acompanharem Zelensky em uma viagem a Washington nos próximos dias. O objetivo seria assinar um acordo de exploração de minerais raros e pressionar Trump sobre garantias de segurança para a Ucrânia.
+ Governo Trump suspende compartilhamento de inteligência com a Ucrânia
Sobre esse cenário, o vice-presidente dos EUA afirmou que negócios americanos na Ucrânia representariam uma proteção mais eficiente do que tropas estrangeiras. Ele não mencionou Reino Unido e França, mas os dois países foram os únicos a cogitar enviar soldados. A declaração gerou reações negativas.
No Reino Unido, um dos jornalistas mais influentes do país chamou a postura de J.D. Vance de "burra e agressiva". Mais diplomático, o premiê Keir Starmer iniciou seu discurso no Parlamento homenageando soldados britânicos mortos no Iraque e no Afeganistão, conflitos nos quais o país lutou ao lado dos Estados Unidos.