Primeira-ministra interina do Nepal promete corrigir "falha" que levou a protestos mortais da Geração Z
Sushila Karki é a primeira mulher a liderar o país e promete combater corrupção e demais frustrações do governo
SBT News
com informações da Reuters
Em seu primeiro discurso, a primeira-ministra interina do Nepal, Sushila Karki, prometeu nesta sexta-feira (19) combater a corrupção, criar empregos e elevar os padrões de vida, depois que os protestos liderados por jovens derrubaram o governo anterior. As manifestações deixaram pelo menos 72 pessoas mortas e forçaram seu antecessor, K.P. Sharma Oli, a renunciar,
Karki disse que os protestos foram desencadeados pela frustração com a crescente corrupção e outras falhas governamentais. + Sushila Karki é nomeada primeira-ministra do Nepal após renúncia e protestos
Autoridades disseram que mais de 2.100 pessoas ficaram feridas nos conflitos que duraram dois dias, na semana passada. Incêndios e vandalismo causaram grandes danos a propriedades públicas e privadas, incluindo o complexo que abriga o gabinete do primeiro-ministro, a Suprema Corte e o Parlamento.
"Devemos aceitar o fato de que os protestos ocorreram devido à incapacidade de cumprir o espírito e os objetivos de proporcionar boa governança e prosperidade previstas na Constituição", disse Karki.
Ela falou no dia nacional do Nepal, marcando o 10º aniversário da proclamação da Constituição.
Quem é Sushila Karki
Sushila Karki é ex-chefe de Justiça da Suprema Corte e foi nomeada para o cargo de primeira-ministra na semana passada, após conversas entre representantes dos manifestantes, o presidente e o chefe do Exército. Ela é a primeira mulher a liderar o Nepal.
Encarregada de realizar eleições parlamentares em 5 de março, ela disse que o governo está empenhado em criar empregos, melhorar a qualidade de vida e aumentar a transparência em seu trabalho.
Protestos da Geração Z
Na semana passada, milhares de jovens tomaram as ruas do Nepal em uma revolta contra as políticas tomadas pelo então governo de K. P. Sharma Oli. Um dos principaismotivos do protesto foi a interrupção da internet e a proibição do uso de redes sociais, como Facebook, WhatsApp e Instagram, no país.
O governo alegou que a decisão foi movida porque as big techs não estavam correspondendo às regras de privacidade dos usuários, contribuindo para a disseminação de fake news e fraudes on-line. Os manifestantes viram essa decisão do governo como uma forma de "censura" e limitação do uso da internet. + Primeira-ministra interina do Nepal visita manifestantes feridos
A revolta causou alvoroço no país, deixando pelo menos 72 pessoas mortas. Uma delas foi a esposa do ex-ministro Jhala Nath Khanal, que morreu queimada após incendiarem sua casa.
Os prejuízos causados pelos protestos violentos podem chegar a algo entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão, disse Kulman Ghising, ministro de Energia, Infraestrutura Física, Transporte e Desenvolvimento Urbano. Ghising visitou alguns prédios públicos incendiados na capital Katmandu e fez um apelo aos nepaleses no país e no exterior para que contribuam para a reconstrução.
Um funcionário da Suprema Corte disse que algumas audiências estão sendo realizadas em tendas, pois a maioria das estruturas do tribunal, documentos e sistemas de TI foram destruídos durante os distúrbios. O porta-voz da polícia, Binod Ghimire, disse que os policiais haviam recebido mais de 30.000 e-mails depois de pedir ao público que enviasse vídeos, fotografias e outros documentos para ajudá-los a investigar a violência. + Brasileiros no Nepal relatam tensão e toque de recolher durante protestos | #SBTManhã
Os distúrbios aumentaram os riscos para as perspectivas econômicas e fiscais do Nepal e podem pressionar suas métricas de crédito, disse a agência de classificação de risco Fitch nesta sexta-feira.