Português que gravou vídeo oferecendo dinheiro para matar brasileiros é preso
Homem divulgou um vídeo em que oferecia 500 euros, cerca de R$ 3.183, para cada "cabeça de brasileiro"; ele já possui antecedentes criminais
Antonio Souza
A Polícia Judiciária de Portugal (PJ) prendeu nesta segunda-feira (8) o português que gravou um vídeo oferecendo dinheiro para quem matasse um brasileiro. O homem, de 56 anos, foi preso após inquérito da conduzido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro, em Portugal.
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Segundo a PJ, ele é suspeito incitar violência contra cidadãos estrangeiros. O homem divulgou um vídeo em que oferecia 500 euros (cerca de R$ 3.183) para cada "cabeça de brasileiro" que o trouxessem.
O conteúdo rapidamente se espalhou pela internet, provocando forte indignação, repulsa e alarme social. Diversas denúncias foram apresentadas à polícia por cidadãos que se sentiram ameaçados pela incitação ao ódio.
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Ainda de acordo com a PJ, o homem já estava sob investigação antes mesmo da repercussão pública das denúncias. Ele possui antecedentes criminais por delitos contra o patrimônio.
O homem será apresentado à autoridade judiciária competente para interrogatório e definição das medidas cautelares a serem aplicadas.
Relembre o caso
Um português gravou um vídeo oferecendo o equivalente a R$ 3 mil para quem matasse um brasileiro. O vídeo viralizou nas redes sociais e escancarou o ódio de alguns portugueses contra imigrantes vindos do Brasil.
A gravação gerou revolta em Portugal e chamou atenção para o aumento da xenofobia, o preconceito contra estrangeiros, direcionada à comunidade brasileira no país europeu.
O vídeo viralizou nas redes sociais e escancarou o ódio de alguns portugueses contra imigrantes vindos do Brasil.
“A cada português que me trouxer a cabeça de um brasileiro, desses ‘zucas’ que vivem aqui em Portugal, eu pago 500 euros por cada cabeça”, afirma o português no vídeo.
Na fala, o autor usa o termo “zuca”, abreviação de “brazuca”, considerado pejorativo para se referir a brasileiros. A repercussão foi imediata: ele acabou demitido do emprego, e o estabelecimento comercial onde trabalhava repudiou o ato xenofóbico.
Esse não é um caso isolado. Discursos discriminatórios têm se espalhado pelo país. Em outro vídeo recente, uma atendente brasileira foi hostilizada por falar o português do Brasil, criticado por uma cliente portuguesa que o considerava “errado”.
Segundo o Itamaraty, cerca de 700 mil brasileiros vivem em Portugal, formando a maior comunidade estrangeira no país. Dados da Agência para Integração, Migrações e Asilo indicam que 54% dos brasileiros já relataram ter sofrido algum tipo de discriminação, o índice mais alto entre todos os grupos estrangeiros em território português.
Para a advogada criminalista Renata Amorim, é necessário maior rigor por parte da Justiça e do governo português no combate à xenofobia.
“A lei de Portugal não estabelece esse tipo de crime como no Brasil, onde é considerado imprescritível e inafiançável. O aumento dos casos pressiona o Judiciário a aplicar e interpretar as leis de forma a garantir a dignidade das pessoas”, diz.