Parlamento da França derruba primeiro-ministro com apenas 3 meses de governo
Michel Barnier desagradou parlamentes ao aprovar orçamento de 2025 sem aval da Assembleia Nacional; destituição marca mais um capítulo da crise política no país
SBT News
O primeiro-ministro da França, Michel Barnier, foi deposto pelo parlamento após ser alvo de uma moção de censura nesta quarta-feira (4). Há três meses no cargo, ele se tornou o chefe de governo com mandato mais curto na França desde a Segunda Guerra Mundial.
A moção foi apresentada depois que Barnier, eleito em setembro como líder de um governo minoritário apoiado por centristas e conservadores do partido de extrema-direita de Marine Le Pen, tentou aprovar parte do orçamento de governo para 2025, que inclui 60 bilhões de euros em aumentos de impostos e cortes de gastos. Ele aprovou o orçamento usando uma cláusula constitucional que lhe permitiu ignorar uma votação na legislatura. O mesmo dispositivo foi utilizado pelo presidente Emmanuel Macron em 2023 para implementar a controversa reforma previdenciária.
A manobra, por sua vez, deu aos legisladores a oportunidade de apresentar moções de censura contra ele — e os deputados de esquerda, que prometeram derrubar o governo de Barnier após Macron recusar o nome indicado por eles para o cargo, fizeram exatamente isso. Eles alegaram, assim como a extrema-direita, que o premiê ignorou suas demandas de ajustes no pacote.
Crise política
A turbulência política que vive a França foi causada pelo próprio Macron, que dissolveu a Assembleia e antecipou a eleição parlamentar no país, após a derrota de seu partido para a extrema-direita nas eleições que elegeram os novos eurodeputados do Parlamento Europeu, em junho.
O centrista apostava que conseguiria a maioria dos assentos da câmara baixa francesa, mas a disputa começou com a extrema-direita liderando e terminou com um parlamento dividido em três grandes blocos: a coalizão de esquerda Nova Frente Popular, os centristas aliados de Macron e o partido de extrema-direita Reagrupamento Nacional.
O que acontece agora?
Com Barnier destituído, Macron precisará nomear um novo primeiro-ministro, mas o Parlamento permanecerá dividido, já que novas eleições legislativas só podem ocorrer a partir de julho de 2025. Enquanto isso, o governo pode usar decretos para manter serviços essenciais e arrecadação tributária, embora congelando aumentos de impostos e novos gastos previstos, como o reforço no orçamento militar de 3,3 bilhões de euros.