Papa Leão XIV viria ao Brasil em evento suspenso após a morte de Francisco, diz CNBB
Secretário-geral da Confederação Nacional dos Bispos disse que pontífice já estava com as passagens compradas; Prevost já esteve no Brasil duas vezes
Wagner Lauria Jr.
O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Ricardo Hoepers, disse, na tarde nesta quinta-feira (8), que o Papa Leão XIV, nome escolhido pela cardeal Robert Prevost, viria ao Brasil na 62ª Assembleia Geral dos Bispos de 2025, que acabou sendo suspensa após a morte do Papa Francisco. Segundo Hoepers, ele já estava com as passagens compradas.
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"Quando o convidamos, ele [Robert Prevost] imediatamente aceitou. O Brasil ganha, o mundo ganha e o sucessor de Pedro agora merece todo o nosso apoio, orações e unidade", disse Hoepers.
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"Nem revolucionário, nem conservador"
Ainda de acordo com Hoepers, o papa será um pacificador e buscará diálogo. Não será "revolucionário, nem conservador, mas dará continuidade no que a igreja vem construindo desde o Concílio Vaticano II", segundo Hoepers.
O evento, ocorrido na década de 1960, foi responsável por renovar a igreja em diversas áreas. A partir daí, por exemplo, a missa passou a ser celebrada em outros idiomas além do latim, para se aproximar dos fiéis.
Participaram da coletiva do bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, Dom Ricardo Hoepers, e o núncio Apostólico no Brasil (embaixador do Papa no Brasil), Dom Giambattista Diquattro.
Segundo a CNBB, a eleição do novo Papa é um marco histórico que reflete para a Igreja Católica e à sociedade um sinal de esperança e unidade.

Quem é Robert Francis Prevost?
O cardeal Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito nesta quinta-feira (8) o novo papa. O Vaticano anunciou, no começo da tarde, que o religioso de Chicago, nos Estados Unidos, foi o escolhido no conclave. O americano escolheu o nome Leão XIV.
Prevost foi escolhido por pelo menos 89 dos 133 cardeais, dois terços dos eleitores do conclave. Com dupla nacionalidade, estadunidense e peruana, ele será o primeiro pontífice dos EUA.
Em 2023, foi promovido a cardeal e indicado pelo papa Francisco para ser o prefeito do Dicastério para os Bispos – um dos cargos mais importantes do Vaticano.
Nascido em Chicago, Illinois, em 14 de setembro de 1955, o novo papa ingressou na Ordem de Santo Agostinho em 1977, aos 22 anos. Ele será o primeiro pontífice agostiniano.
Filho de Louis Marius Prevost, de ascendência francesa e italiana, e de Mildred Martínez, de ascendência espanhola, ele foi ordenado sacerdote em 1982 e, três anos depois, virou missionário no Peru, onde trabalhou até o final da década de 90.
Em 1999, foi nomeado para a Província Agostiniana de Chicago e retornou para os EUA. Em 2014, o papa Francisco nomeou Prevost como administrador apostólico da Diocese de Chiclayo, no norte do Peru, e bispo titular de Sufar. Depois, ocupou o cargo de bispo de Chiclayo por oito anos até ser nomeado como prefeito do Dicastério para os Bispos – escritório do Vaticano responsável por nomear e administrar bispos no mundo todo – e Presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina.

Polêmicas
Robert Prevost enfrenta acusações de encobrir abusos sexuais. No Peru, ainda como bispo, ele foi acusado por uma mulher de conduzir mal uma investigação de abuso sexual contra dois padres de Chiclayo. A vítima, que teria sido abusada com outras duas meninas antes de o religioso ser nomeado bispo, também afirmou que os padres continuaram celebrando missas mesmo após a denúncia. A informação é do jornal The New York Times.
A diocese de Chiclayo informou que Prevost chegou a abrir uma investigação, que acabou encerrada pelo Vaticano. Após a chegada de um novo bispo, a investigação foi reaberta.
Ativistas de Chicago também afirmaram que seu escritório na cidade não alertou uma escola católica de que um padre, considerado por autoridades como abusador de meninos, foi acolhido em um mosteiro próximo nos anos 2000. Prevost, que era o chefe da Província Agostiniana de Chicago, teria autorizado a mudança do clérigo para o local.