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Os lapsos de memória de Trump confrontados com as provocações a Biden

Donald Trump, segundo o biógrafo Ramin Setoodeh, tem "graves problemas de memória". A cognição, até então, era tema de provocações a Joe Biden

Os lapsos de memória de Trump confrontados com as provocações a Biden
Trump (esq.) e Biden (dir.) se enfrentam em novembro de 2024 | Reprodução/Casa Branca/Shealah Craighead e Cameron Smith
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São apenas três anos de diferença nas idades de Donald Trump e Joe Biden. O republicano tem 78 anos e o democrata completou em novembro passado 81 anos. Apesar disso, as provocações e dúvidas sobre o estado cognitivo recaíam até então sobre Joe Biden. Na campanha de 2020, era comum a utilização de um termo nada polido para se referir ao então candidato Biden: "Joe dorminhoco" foi a hashtag usada em muitos posts de republicanos que questionavam a vitalidade do ex-senador. São provocações sem fundamento. Joe Biden provou e tem provado, desde a posse, em janeiro de 2021, não só vitalidade para seus oitenta e um anos como uma postura gentil e adequada para tantos comentários não só negativos como carregados de certo preconceito.

Os anos vividos não deveriam ser critério para julgar se alguém tem ou não capacidade para ser candidato à presidência, mas, sim, sua competência e caráter. É fato que imagens recentes do presidente americano repercutem de maneira a colocar em dúvida sua lucidez. É preciso elucidar que uma dessas imagens, gravadas na cidade de Fasano, na Itália, durante a Cúpula do G7, aparece em muitas publicações editada. No vídeo, Biden está ao lado dos líderes mundiais quando paraquedistas acabam de pousar. O democrata então olha para o lado e se aproxima de um que está agachado, no chão, recolhendo o equipamento. Emmanuel Macron (presidente da França) percebe que o fotógrafo já se posicionava para a foto do grupo e indica com os olhos e com um movimento corporal para que Giorgia Meloni (premiê da Itália) chame Biden. Em muitas versões editadas, o paraquedista no chão é cortado, deixando a entender que Joe Biden olha para o lado sem propósito, o que o faz parecer perdido.

Desde 2021 sou correspondente na Casa Branca, onde cubro de perto os eventos do presidente americano. A disposição de um senhor de oitenta e um anos no cumprimento de uma agenda puxada e tantas viagens internacionais, com fusos horários tão distantes, sempre me chamou a atenção. Na última viagem à Ásia que fiz há quase um ano a trabalho, levei cinco dias para que meu corpo voltasse ao relógio biológico natural. Um presidente não tem este tempo. Biden saiu da Europa e outro dia tinha uma agenda lotada em Los Angeles. Depois veio a Washington DC. Pessoalmente demonstra total compreensão dos fatos e até corre muitas vezes a caminho do helicóptero. O cansaço em todo ser humano existe e aumenta em momentos de tensão como o de uma campanha eleitoral.

Agora, em paralelo a tudo o que é dito sobre Biden, há a notícia da biografia de Donald Trump lançada por Ramin Setoodeh. No livro, o autor, que o entrevistou sete vezes para a publicação, afirma que "os lapsos e o declínio cognitivo demonstrados pelo ex-presidente e candidato republicano não devem ser ignorados" . O livro "Apprentice in Wonderland" (Aprendiz no mundo das maravilhas) conta como Trump conduziu sua carreira de homem de negócios em Manhattan a estrela de um reality show. Ele foi, a partir de 2004, em quatro temporadas, o apresentador de "O Aprendiz" no qual a frase "você está demitido" virou um hit popular. Escritor próximo a Trump, Setoodeh descreve situações em que Trump fez afirmações erradas ou confusas e chegou a admitir que não se lembrava do autor, embora as entrevistas tenham acontecido por sete vezes.

Às vésperas do primeiro debate presidencial americano

O primeiro debate entre Joe Biden e Donald Trump está marcado para o dia 27 de junho. Ele será transmitido por uma rede de TV americana e o esperado é um clima quente. Não só nos termômetros – estamos em uma onda de calor extremo nesta parte do mundo – mas nos comentários e perguntas. O democrata passa esse fim de semana em Camp David, a casa de campo dos presidentes americanos, onde se prepara para o evento. Donald Trump aproveita os últimos dias totalmente livre antes de conhecer, em Nova York, sua sentença no caso criminal em que foi condenado por fraudar documentos contábeis empresariais para o suborno de uma ex -atriz pornô. As eleições acontecem no dia cinco de novembro e, até lá, muitos capítulos que virão nos livros de história ainda estão com script totalmente aberto.

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