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ONU critica organização da COP30 em Belém em carta enviada ao Governo

Em documento obtido pelo portal Bloomberg, ONU aponta falta de ação da Polícia Federal, calor extremo e infiltrações no local do evento

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COP30: documento aponta falhas de segurança e estrutura em evento - Reprodução
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A Organização das Nações Unidas (ONU) enviou uma crítica formal ao governo brasileiro por falhas de segurança e infraestrutura durante a COP30 realizada em Belém (PA).

As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (12) pela Bloomberg, que teve acesso a um documento assinado por Simon Stiell, secretário-executivo da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima (UNFCCC).

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Na carta, datada de 12 de novembro, Stiell afirma que policiais brasileiros não dispersaram manifestantes que estavam dentro de uma zona onde protestos são proibidos.

Segundo o documento, o gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria orientado a Polícia Federal a não intervir durante a confusão registrada na última terça-feira (11).

“Isso representa uma grave violação da estrutura de segurança estabelecida”, escreveu Stiell, acrescentando que o episódio levanta “preocupações significativas” sobre o cumprimento das obrigações do Brasil como país-sede.

A carta também menciona portas sem vigilância, falta de equipes de segurança suficientes e ausência de garantias de que as autoridades federais e estaduais responderiam rapidamente a novas invasões.

Confusão entre ativistas e seguranças

As críticas do secretário se referem ao incidente ocorrido na última terça-feira (11) quando ativistas ambientais da "Marcha Pela Saúde e Clima" tentaram invadir a área restrita da conferência, conhecida como Blue Zone.

De acordo com informações obtidas no local, o protesto começou de forma pacífica que seguiu até o limite permitido para pessoas credenciadas.

No entanto, parte dos manifestantes ultrapassou as barreiras de segurança e derrubou as portas de acesso à Blue Zone, onde circulam delegações internacionais, chefes de Estado e de governo.

Segundo as autoridades locais, a situação foi controlada rapidamente, e a segurança da COP30 foi reforçada após o episódio.

Problemas de infraestrutura

O documento também aponta falhas na estrutura física do local onde ocorre a COP30, em Belém.

Entre os principais problemas relatados estão:

  • Calor extremo e falha no ar-condicionado: delegados e participantes teriam passado mal devido à alta temperatura, já que parte dos equipamentos de climatização não estava instalada ou funcionando.
  • Infiltrações e riscos elétricos: as fortes chuvas na região provocaram entradas de água pelo teto e pelas luminárias, causando curtos e risco de choque elétrico.

Antes mesmo do início da conferência, o Brasil já vinha enfrentando críticas sobre a infraestrutura de Belém, especialmente pela escassez de hospedagem e pela falta de estrutura adequada para receber delegações internacionais.

Também houve preocupações de países mais pobres sobre a dificuldade de enviar equipes completas para o evento.

O que diz o governo brasileiro?

Em nota, o Palácio do Planalto afirmou que todas as solicitações da ONU vêm sendo atendidas e destacou que a segurança da área interna do evento, a chamada Blue Zone, é de responsabilidade direta do Departamento de Segurança e Proteção das Nações Unidas (UNDSS).

Segundo o governo, o UNDSS é quem define, coordena e exige medidas de proteção dentro da área controlada pela ONU.

De acordo com o comunicado, representantes do Governo Federal, Governo do Pará e UNDSS realizaram, em 12 de novembro, uma reavaliação completa do esquema de segurança após a confusão registrada no dia anterior.

Entre as medidas adotadas após a revisão:

  • Ampliação da área intermediária entre as Zonas Azul e Verde
  • A intenção é impedir novas invasões e facilitar a prevenção de incidentes.
  • Ação conjunta da Força Nacional e da Polícia Federal
  • As corporações passaram a atuar de forma integrada nessa área de transição.
  • Fortalecimento do perímetro externo

Instalação de gradis, barreiras metálicas e estruturas de contenção adicionais em pontos considerados vulneráveis.

Essas ações foram tomadas após a ONU apontar que policiais brasileiros não dispersaram manifestantes que entraram em uma área onde protestos são proibidos.

Climatização reforçada

O governo também respondeu às queixas de participantes da COP30 sobre o calor dentro de algumas áreas da conferência.

Segundo a nota, novos aparelhos de ar-condicionado foram instalados nas tendas e unidades sprint foram adicionadas em salas onde o sistema estava falhando.

O governo brasileiro declarou ainda que todos os ajustes operacionais estão sendo discutidos e aplicados diariamente em conjunto com a UNFCCC, entidade da ONU que coordena as COPs.

Segundo a nota, ajustes constantes são “inerentes a um evento dessa dimensão”.

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