Morre Chen Ning Yang, importante físico do século 20 e ganhador de prêmio Nobel
Considerado um dos cientistas mais influentes do mundo, Yang desenvolveu princípios de simetria na física e de partículas subatômicas

Marcela Guimarães
com informações da Reuters
Morreu neste sábado (18) o renomado físico Chen Ning Yang, conhecido também como Yang Zhenning, ganhador do Prêmio Nobel e acadêmico da Academia Chinesa de Ciências. A informação foi confirmada pela Universidade Qinghua, em Pequim. Yang estava com 103 anos.
O físico nasceu em Hefei, província de Anhui, no leste da China, em 1922. Cursou o ensino fundamental e médio em Pequim, ingressou na Universidade Nacional Associada do Sudoeste para estudar física no final da década de 1930 e recebeu o título de Bacharel em Ciências em 1942.
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Em seguida, foi para os Estados Unidos para prosseguir seus estudos acadêmicos e, posteriormente, ocupou cargos de professor. Yang recebeu o Prêmio Nobel de Física em 1957, dividido com com Tsung-Dao Lee, que faleceu em 2024.
De acordo com o jornal The Guardian, o trabalho de Yang e Lee "subverteu" as amplamente aceitas 'leis da paridade' – que afirmam que as forças que atuam sobre as partículas subatômicas fundamentais são simétricas entre a esquerda e a direita. Na descrição popular, eles alteraram o conceito de "simetria de espelho".
Antes de Lee e Yang questionarem esse princípio fundamental, acreditava-se que a imagem espelhada de qualquer processo exibia uma sequência de eventos que poderiam ocorrer igualmente no mundo real. Na verdade, não há como saber se você está visualizando um evento real ou sua imagem espelhada.
O físico também foi considerado um dos mais influentes do século 20, pela teoria de calibre 'Yang-Mills', introduzida por ele e Robert Mills. A teoria tornou-se um pilar central da base de estudo da física de partículas subatômicas.
Retorno à China
Por mais de 20 anos após retornar à China, Yang lecionou na Universidade Qinghua, fazendo contribuições importantes para o desenvolvimento e recrutamento de talentos e para a promoção de intercâmbios acadêmicos internacionais.
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Em um entrevista em 2025, o físico enfatizou suas raízes chinesas, mesmo tendo vivido por anos fora do país e se ocidentalizado, e demonstrou o desejo de entrar para a história ao lado de outros nomes icônicos das Ciências:
"Embora eu tenha vivido nos Estados Unidos por muitos anos, como um amigo meu disse certa vez: 'Yang Zhenning, o sangue que corre em suas veias é o mesmo do seu pai — é o sangue da cultura chinesa'. Meu destino é meu ponto de partida, e vice-versa. Espero treinar futuros líderes mundiais em física".
Em vida, Chen Ning Yang foi comparado a outros cientistas icônicos, como Albert Einstein, criador da teoria da Relatividade, e Enrico Fermi, que desenvolveu o primeiro reator nuclear do mundo.