Milei demite subsecretário que cobrou desculpas de Messi após canto racista da Seleção Argentina
Vídeo mostra jogadores comemorando título da Copa América com música discriminatória contra os franceses
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O subsecretário de Esportes da Argentina, Julio Garro, foi demitido, nesta quarta-feira (17), pelo presidente Javier Milei, após cobrar Lionel Messi e o presidente da Associação de Futebol Argentino (AFA), Claudio Tapia, para que pedissem desculpas pelo episódio de cânticos racistas. A cobrança aconteceu durante uma entrevista ao portal argentino Corta.
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Segundo uma publicação nas redes sociais do perfil oficial da presidência argentina, "nenhum governo pode dizer o que comentar, o que pensar ou o que fazer a Seleção Argentina [...], ou a qualquer outro cidadão".
Na segunda-feira (15), durante comemorações do título da Copa América, os jogadores da Seleção Argentina foram flagrados, durante uma live feita pelo jogador Enzo Fernández, do Chelsea, cantando uma música de caráter xenofóbico, racista e transfóbico.
"Eles jogam pela França, mas são de Angola. Que bom que eles vão correr, se relacionam com transexuais. A mãe deles é nigeriana, o pai deles cambojano, mas no passaporte: francês", diz o cântico.
Logo após perceber o teor da canção, Enzo Fernández encerrou a live e, horas depois, pediu desculpas nas redes sociais, afirmando que a música "inclui linguagem extremamente ofensiva".
Após o vídeo se tornar viral, a Federação de Futebol Francesa (FFF) anunciou, na terça-feira (16), que irá fazer uma denúncia sobre os cantos racistas na FIFA (Federação Internacional de Futebol).
Colegas franceses, do mesmo clube de Enzo Fernández, se manifestaram após o vídeo do atleta, como foi o caso de Wesley Fofana, que disse: "O futebol em 2024: racismo desinibido". Fofana e outros dez jogadores do Chelsea deixaram de seguir Enzo nas redes sociais. O clube inglês iniciou uma investigação do caso.
A música, que ficou conhecida durante a Copa do Mundo de 2022, não é o único caso de racismo envolvendo o futebol e os argentinos. Meses antes da competição, torcedores do Boca Juniors foram flagrados imitando macacos em direção à torcida do Corinthians, durante partidas da Copa Libertadores da América. Na mesma edição do torneio, um torcedor atirou uma banana em direção aos torcedores do Fortaleza.
Casos como este tem se tornado cada vez mais comuns durante partidas entre brasileiros e argentinos nas competições internacionais sul-americanas. Mas não são novos. Durante as Olimpíadas de 1996, em Atlanta (EUA), os argentinos se classificaram para a final do torneio e um dos principais jornais de esporte do país estampou na capa a manchete: "Que venham os macacos", enquanto aguardavam o duelo entre Brasil e Nigéria para saber quem iriam enfrentar pela medalha de ouro.
!["Que venham os macacos", estampou o jornal argentino durante as Olimpíadas de 1996 | Reprodução/Olé](https://sbt-news-assets-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ole_61522f2a69.jpg)
Apesar do futebol tentar rumar para banir o racismo do esporte, com condenações -- como ocorreu na Espanha, na última quarta-feira (17), após um episódio de racismo contra Vini Jr. e o alemão Antonio Rüdiger --, o governo de Milei anda na contramão deste movimento.
Em 22 fevereiro deste ano, o governo de Javier Milei decidiu fechar o Instituto Nacional contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo (Inadi), órgão que era ligado ao Ministério da Justiça e Direitos Humanos do país, responsável por receber denúncias de discriminação.