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Brasil

Universitários levam energia solar e internet a comunidade isolada na Amazônia peruana

Projeto desenvolvido na UNILA, em Foz do Iguaçu, já transformou a vida de 40 famílias em Alto Mishagua

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Na comunidade isolada de Alto Mishagua, na Amazônia peruana, ter energia elétrica era um privilégio de poucos. Quem podia pagar pela gasolina dos geradores conseguia algumas horas de luz à noite. Em 2020, com as salas de aula fechadas pela pandemia, a estudante Roxana Mamani retornou à sua casa sem internet, sem energia e sem acesso aos estudos.

Foi a partir dessa dificuldade que ela, aluna do curso de Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), decidiu buscar uma solução.

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"A educação na UNILA foi como um processo de repensamento na parte social da América Latina. Os projetos de extensão, iniciação científica e o trabalho em equipe multidisciplinar ajudaram muito", contou Roxana.

O projeto ganhou o apoio de organizações voltadas à formação de jovens líderes em energias renováveis e reuniu estudantes de diversos cursos da UNILA. Todos fazem parte do Observatório Latino-Americano de Geopolítica Energética. O plano era simples e ambicioso: instalar painéis solares e internet via satélite com um sistema fotovoltaico compartilhado entre as famílias de Alto Mishagua.

"Fizemos uma análise detalhada das necessidades da comunidade. Usamos baterias de lítio para maior durabilidade, inversores integrados e kits individuais para cada família", explicou o engenheiro químico Cesar Osman Granada.

Energia em baterias

A energia gerada pelos painéis é armazenada em baterias e distribuída para as casas da vila. O sistema é sustentável, sem poluir ou exigir desmatamento. Todo o planejamento foi feito à distância. A equipe se reuniu presencialmente apenas na instalação, enfrentando desafios como mapear a localização exata da comunidade, que sequer aparecia no Google Maps.

"Identificar a latitude e longitude foi um dos maiores desafios técnicos. Também tivemos que estimar o consumo energético da comunidade após a instalação", explicou Icona Martins, engenheira de energia.

Com apoio internacional, o grupo arrecadou cerca de US$ 60 mil e retornou à região em julho para expandir a instalação. Hoje, 40 famílias e cerca de 200 pessoas já deixaram de depender dos geradores a diesel.

"As organizações são pontes entre comunidades invisibilizadas e oportunidades. A autogeração de energia é uma resposta real para locais onde a eletricidade ainda não chega", afirmou Joice Mendez, conselheira juvenil da ONU para mudanças climáticas.

Limpeza e funcionamento

Além de levar luz, o projeto capacitou os moradores para cuidar do sistema. A própria comunidade agora realiza a limpeza dos painéis, monitora o funcionamento e solicita suporte técnico quando necessário. As crianças estudam com acesso à internet e conteúdos antes inacessíveis. A experiência já inspira outras aldeias na região e pode servir de modelo para comunidades isoladas na Amazônia brasileira.

"Nossa ideia sempre foi inspirar a juventude latino-americana. Mas, no Brasil, enfrentamos um obstáculo legal: a legislação atual determina que levar energia a comunidades isoladas é responsabilidade das concessionárias", explicou Vitor Rissati, mestrando em Relações Internacionais.

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