Mais de 1 milhão de crianças na Faixa de Gaza podem morrer por subnutrição, alerta Unicef
Segundo agência da ONU, 90% das crianças menores de dois anos no enclave palestino estão sujeitas a uma "grave carência alimentar"
Mais de 1,1 milhão de crianças na Faixa de Gaza correm o risco de morrer à medida que os casos de diarreia e subnutrição aumentam no enclave palestino. A denúncia feita nesta 6ª feira (5.jan) é do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), que voltou a pedir por um cessar-fogo humanitário imediato e a retomada do tráfego comercial no território.
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Segundo a agência da ONU, milhares de crianças já morreram devido à violência, enquanto as condições de vida continuam a deteriorar-se rapidamente no enclave. O relatório aponta que os casos de diarreia em crianças menores de cinco anos aumentaram de 48 mil para 71 mil em apenas uma semana a partir de 17 de dezembro, equivalente a 3,2 mil novos casos de diarreia por dia. Antes, eram registrados uma média de 2 mil casos por mês.
A situação fica ainda mais alarmante a medida que o risco de fome aumenta em Gaza. Em pesquisa realizada em 26 de dezembro, o Unicef constatou que um número crescente de crianças não está atendendo às suas necessidades básicas de nutrição. Cerca de 90% das crianças menores de dois anos consomem dois ou menos grupos alimentares.
"Quando combinadas e não tratadas, a desnutrição e doenças criam um ciclo mortal. Evidências mostram que crianças com saúde e nutrição precárias são mais vulneráveis a infecções graves, como diarreia aguda. A diarreia aguda e prolongada agrava seriamente a saúde precária e a desnutrição em crianças, colocando-as em alto risco de morte", alertou o Unicef
O conflito, iniciado em 7 de outubro, já soma mais de 20 mil mortos, e danificou ou destruiu sistemas essenciais de água, saneamento e saúde na Faixa de Gaza, provocando o deslocamento de quase 90% da população (1,5 milhão) no enclave palestino. A maioria dos civis está refugiada em abrigos da ONU e tendas montadas em campos de refugiados superlotados, sem saneamento básico, água potável ou acesso a alimentos, é o que aponta o Unicef. .
"Crianças deslocadas e suas famílias não conseguem manter os níveis necessários de higiene para prevenir doenças, dada a alarmante falta de água e saneamento seguro, com muitos recorrendo à defecação a céu aberto. Enquanto isso, os poucos hospitais em funcionamento estão tão focados em responder ao alto número de pacientes feridos no conflito que não conseguem tratar adequadamente surtos de doenças", afirma a agência em um trecho do relatório.
Perante a situação, o Unicef voltou a pedir a retomada do tráfego comercial para que as prateleiras das lojas possam ser reabastecidas, e por um cessar-fogo humanitário imediato.
"O UNICEF trabalha para fornecer a ajuda que salva vidas que as crianças de Gaza precisam desesperadamente. Mas precisamos urgentemente de um acesso melhor e mais seguro para salvar as vidas das crianças", afirma Catherine Russell, Diretora Executiva da agência no relatório. "O futuro de milhares de outras crianças em Gaza está em jogo. O mundo não pode ficar parado e assistir".