Maduro envia carta a Trump pedindo diálogo em meio a tensão no Caribe
Líder venezuelano nega envolvimento com narcotráfico e tenta reduzir conflito com os Estados Unidos
SBT Brasil
Para tentar reduzir a tensão com os Estados Unidos, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, enviou uma carta ao presidente norte-americano Donald Trump. No documento, ao qual a agência Reuters teve acesso, Maduro pede a abertura de um canal de diálogo entre os dois países e nega que a Venezuela seja uma das principais responsáveis pelo tráfico de drogas.
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A crise entre Caracas e Washington vem se intensificando. Os Estados Unidos enviaram caças e navios de guerra para a região do Caribe e chegaram a destruir embarcações venezuelanas. Em resposta, Maduro colocou civis em treinamento para um possível combate.
O governo norte-americano acusa Maduro de chefiar um cartel de drogas e chegou a oferecer uma recompensa de 50 milhões de dólares por sua captura. O embate entre os dois países amplia o isolamento internacional da Venezuela e mantém o clima de instabilidade na região.
Conta de Maduro derrubada
O canal no YouTube de Maduro desapareceu da plataforma, conforme verificação feita neste sábado (20). Ao tentar acessar a conta oficial, que tinha 233 mil inscritos, usuários se deparam com a seguinte mensagem: "Esta página não está disponível. Pedimos desculpas pelo incoveniente." O governo venezuelano ainda não se pronunciou sobre o ocorrido.
A Televisión del Sur (Telesur ou teleSUR), rede de televisão multi-estatal para América, com sede na Venezuela, afirmou que a decisão foi tomada "sem qualquer tipo de justificativa", "em momentos de plena aplicação de operações de guerra híbrida dos EUA contra a Venezuela". Em seu site, a Telesur publicou que "se não há confirmação de uma motivação política, também não se pode descartar" essa possibilidade.
Na sexta-feira (19), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, informou que o Exército dos EUA realizou um novo ataque contra um barco que ele afirma estar ligada ao narcotráfico, deixando três homens mortos. Desde o início de setembro, os EUA destruíram outros três barcos que o governo Trump acusou de estarem transportando drogas. Ao todo, 17 pessoas morreram nessas operações.
Até o momento, Trump não apresentou evidências de que os barcos atacados estavam carregadas com drogas. Para Maduro, os EUA estão usando uma "desculpa" para justificar uma escalada militar.
Em comunicado à imprensa, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, afirmou que as pessoas atingidas pelos ataques não eram narcotraficantes, eram apenas pescadores. Ele classificou as ofensivas como "crimes contra a humanidade que devem ser investigados pela ONU [a Organização das Nações Unidas."
O ministro das Relações Esteriores da Venezuela, Yván Gil, também se pronunciou. Em publicação no X (antigo Twitter), ele disse que o pedido do país ao Conselho de Segurança da ONU é exija o fim imediato das ações militares dos Estados Unidos no mar do Caribe, cujos "próprios oficiais dos Estados Unidos asseguiram que [...] resultaram em assassinatos extrajudiciais de civis, com a intenção de semear terror em nossos pescadores e em nosso povo."