Lula defende 'transparência' nas eleições da Venezuela
Declaração foi dada ao lado do presidente do Chile, Gabriel, Boric, em visita oficial ao país
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu transparência e respeito à soberania popular no processo político-eleitoral da Venezuela. A declaração foi dada nesta segunda-feira (5), em Santiago, ao lado do presidente do Chile, Gabriel Boric.
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Na última semana, o Brasil já havia assinado uma nota conjunta com a Colômbia e o México pedindo a divulgação das atas públicas das seções eleitorais na Venezuela, o que foi citado por Lula em seu discurso.
"Expus as iniciativas que tenho empreendido com os presidentes Gustavo Petro [Colômbia] e López Obrador [México] em relação ao processo político na Venezuela. O respeito pela tolerância, o respeito pela soberania popular é o que nos move a defender a transparência dos resultados. O compromisso com a paz é que nos leva a conclamar as partes aos diálogos e promover o entendimento entre governo e oposição", disse Lula durante a visita oficial ao Chile.
Antes da nota conjunta, divulgada em 1º de agosto, o Brasil ainda não tinha definido uma posição sobre as eleições venezuelanas, mas algumas declarações de Lula acabavam pendendo favoravelmente a Nicolás Maduro. “Tem uma briga, como é que vai resolver essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com recurso. Sabe?”, disse Lula em entrevista no dia 30 de julho.
No entanto, a posição do Itamaraty, a nota e a declaração desta segunda-feira, mostram uma clara mudança na posição do presidente da República.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) declarou Maduro como reeleito na segunda-feira da semana passada (29). Na contagem da entidade, o atual presidente aparece com 52,21% dos votos, ante 44,2% de Edmundo González. A oposição contesta os números, alegando ter provas da vitória de González.
Democracia
Lula também falou que Boric é um "aliado natural" da casa trabalhista e na defesa da democracia. Lula lembrou a "triste mácula" do apoio da ditadura militar brasileira, em 1973, à ditadura chilena de Augusto Pinochet. O presidente da República ainda comparou o governo autoritário no Chile com a gestão antecessora no Brasil, do ex-presidente Jair Bolsonaro.
"Sabemos que a arbitrariedade é inimiga do bem estar e que a democracia não se sustenta sem um estado que garanta os direitos. Nos últimos anos, o Brasil experimentou uma versão tacanha da mesma combinação de autoritarismo político e neoliberalismo econômico. Brasil e Chile estão empenhados em atuar juntos para construir um mundo mais justo e solidário", disse Lula.
Ainda em críticas a Bolsonaro, o presidente da República disse que o Brasil sofreu um "apagão diplomático" entre 2019 e 2022.
"O Brasil não tinha relações com ninguém, o Brasil tratava de ofender os outros, de ofender os aliados e o Brasil ficou totalmente isolado. Ninguém queria visitar o Brasil, ninguém queria receber o presidente do Brasil. Quando retornei à presidência retornei com muita vontade de recriar uma consciência política junto aos nossos povos, da necessidade de uma formação de uma estrutura mais organizada de integração na América do Sul", disse Lula a Gabriel Boric.
"Não é possível do lado da América Latina espanhola, o Brasil ser um grande inimigo e não é possível do lado do Brasil, a América do Sul ser tã insiginifcante. Acho que houve um erro histórico. E nós estamos tentando corrigir ess eerro histórico", concluiu o presidente Lula.