Líder do partido governista da Coreia do Sul renuncia após apoiar impeachment de presidente
Han Dong-hoon disse que decisão tornou sua posição no Poder Popular "insustentável"
Camila Stucaluc
O líder do partido governista da Coreia do Sul, Han Dong-hoon, renunciou ao cargo nesta segunda-feira (16). Em declaração à imprensa, o político afirmou que sua posição no Poder Popular se tornou "insustentável" após a decisão de apoiar o impeachment do presidente Yoon Suk Yeol, no sábado (14), pela imposição de uma lei marcial.
“Se a lei marcial não tivesse sido suspensa naquela noite, um incidente sangrento poderia ter acontecido entre os cidadãos que teriam saído às ruas e nossos jovens soldados”, disse Han. “Tentei de todas as maneiras encontrar um caminho melhor para este país além do impeachment, mas no final não consegui”, acrescentou.
Segundo Han, a decisão de apoiar o impeachment de Yoon veio após revelações de que seu nome estava entre o de vários políticos que o presidente ordenou que fossem presos durante a declaração de lei marcial. A descoberta levou Han a apoiar a saída de Yoon, dizendo que ele representava um um grande perigo para democracia.
A postura de Han Sua representou uma reviravolta no caso, uma vez que, para aprovar o impeachment, os deputados precisavam de ao menos 200 votos, sendo oito do partido governista. Ao todo, o processo recebeu 204 pareceres favoráveis, sendo enviado ao Tribunal Constitucional – que iniciou a análise do caso nesta segunda-feira.
Conforme a lei, a Corte terá até seis meses para dar um veredito sobre o processo. Caso os juízes sustentem o impeachment, Yoon será destituído e uma nova eleição acontecerá em até 60 dias. Enquanto isso, Yoon permanece apenas afastado do cargo, que foi assumido de forma interina pelo primeiro-ministro, Han Duck-Soo.
Processo de Impeachment
Yoon foi alvo de impeachment após decretar uma lei marcial no país pela primeira vez em mais de quatro décadas. A medida, revogada horas depois devido à forte oposição parlamentar, suspendia os direitos civis, limitava a atuação da imprensa e das Forças Armadas ao governo e substituía as leis por normas militares.
No processo de impeachment, Yoon foi acusado de “cometer uma rebelião que fere a paz na República da Coreia ao encenar uma série de tumultos”. A moção dizia ainda que a “mobilização de forças militares e policiais pelo presidente ameaçou a Assembleia Nacional e que seu decreto de lei marcial visava perturbar a Constituição”.
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Além do processo de impeachment, Yoon vem sendo pressionado por autoridades policiais, que investigam as acusações de rebelião e abuso de poder. Nesta manhã, uma equipe conjunta de investigadores da polícia, do Ministério da Defesa e de uma agência anticorrupção disse que planeja convocar Yoon para interrogatório nesta semana.