Laudo mostra DNA do jogador Daniel Alves em vítima de estupro
Em depoimento no último dia do julgamento, jogador de futebol disse que relação sexual foi consentida
O julgamento de Daniel Alves, acusado de estupro em uma boate de Barcelona em dezembro de 2022, termina nesta quarta-feira (7), na Espanha. A denunciante, uma mulher que afirma ter sido estuprada pelo jogador, relata que, na noite dos fatos, estava na área VIP da casa noturna com amigas e que Daniel Alves a conduziu a um segundo local, alegando ser outra área VIP. No entanto, a vítima percebeu estar em um banheiro onde ocorreu o suposto estupro.
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Neste terceiro dia, o julgamento teve a apresentação de laudos técnicos, depoimentos de médicos e policiais, e o primeiro depoimento público do atleta sobre o caso.
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Um dos profissionais que atendeu a mulher relatou que ela chegou tensa, porém lúcida, sendo capaz de explicar o que havia acabado de acontecer. Ela teria contado que "não conhecia o agressor, mas que ele falava português", e que tentou sair do banheiro, mas "foi impedida".
Os médicos ouvidos durante a sessão disseram que não era possível afirmar que as lesões no joelho da mulher haviam sido provocadas por um empurrão, como a denunciante relatou. Nem dizer se a relação sexual havia ou não sido consensual. O laudo técnico apontou, porém, que o DNA encontrado no corpo da mulher era compatível com o do jogador. O médico descartou que a suposta vítima estivesse "simulando ou exagerando" as dores durante o atendimento.
As versões de Daniel Alves:
O jogador apresentou cinco versões distintas sobre o incidente, de forma oficial ou não, negando o crime em todas elas. Na primeira, ele declarou não conhecer a vítima. Na segunda, reconheceu ter encontrado a mulher no banheiro, mas alegou não ter feito nada. Na terceira, disse que houve relação sexual oral, alegadamente consensual. Na quarta versão, confirmou relação sexual com penetração vaginal, com consentimento.
A quinta versão, apresentada pela defesa do jogador durante o julgamento, alega que o jogador estava embriagado e sem plena consciência do que fazia.
A psicóloga contratada pela defesa do jogador disse que Daniel Alves é um atleta de alto rendimento e, por isso, não tem o hábito de ingerir bebidas alcoólicas. Portanto, o alto consumo naquele dia pode ter afetado a capacidade cognitiva, diminuindo o estado de alerta. Ao ser confrontada pela advogada de acusação se ele teria condições de distinguir entre o bem e o mal, a psicóloga respondeu que sim, que o jogador sabia o que estava fazendo.
Daniel Alves teve a chance de se defender e respondeu a perguntas feitas pela própria advogada. Essa foi a primeira vez que o jogador falou publicamente sobre o assunto desde que foi preso, em janeiro do ano passado. Ele confirmou que esteve com amigos bebendo durante aquele dia e conheceu a mulher na casa noturna.
Ele relatou que, no início, eles dançaram próximos, mas de maneira respeitosa. Em certo momento, ele disse que sentiu a mulher tocando suas partes íntimas e a convidou para ir até um banheiro, em uma área VIP, para ter relações sexuais.
Segundo Daniel Alves, a jovem teria concordado. Ele reconheceu que houve relação sexual dentro do banheiro. Durante o depoimento, o acusado se emocionou e parou para beber água. Daniel Alves negou ter forçado a situação, os insultos e as agressões à mulher e disse não ser um homem violento.
O acusado disse que saiu primeiro do banheiro porque não queria ser visto acompanhado e que, a princípio, negou as acusações para preservar o casamento. O jogador disse que soube da denúncia pela imprensa e que, em decorrência disso, teve contratos de trabalho interrompidos e contas bancárias bloqueadas.