Justiça argentina bloqueia bens e quebra sigilo bancário de Alberto Fernández
Ex-presidente é acusado de desviar dinheiro público para a contratação de seguros
A Justiça da Argentina determinou o bloqueio de bens e a quebra do sigilo bancário do ex-presidente Alberto Fernández. A informação foi divulgada pelo jornal Clarín na noite de terça-feira (9).
Segundo a publicação, a decisão é do juiz federal Julián Ercolini e acontece no âmbito das investigações do chamado escândalo dos seguros, no qual Fernández é acusado de desviar verba pública por meio da contratação irregular de seguros para empregados públicos.
Além do ex-presidente, outras 32 pessoas, entre ex-funcionários, empresas e cooperativas, além do corretor Héctor Martínez Sosa, amigo do ex-presidente, e sua esposa, a ex-secretária do chefe de Estado María Marta Cantero, também tiveram os bens bloqueados.
O processo judicial centra-se numa denúncia feita pelo Ministério Público da Argentina, em fevereiro deste ano, que questiona um decreto publicado por Fernández em 2021, em que ele obriga o setor público a contratar serviço de seguro exclusivamente com a empresa Nación Seguros, ligada a Héctor Sosa.
Na opinião dos investigadores, a decisão do antigo chefe de Estado “proibiu a possibilidade de realização de concursos públicos que promovam a concorrência e a transparência relativamente a estes contratos”.
A reportagem do Clarín destaca ainda que foram estabelecidos contratos de co-participação com outras seguradoras que contaram com intermediários como Héctor Martínez Sosa, Pablo Torres García e Oscar Castello. Estes intermediários teriam recebido milhões em comissões com valores acima do praticado.
“Juntos, os cinco acumularam US$ 2.782.170.946 recebidos em comissões da Nación Seguros SA desde 2020, de um total de US$ 3.453.302.777 do total de produtores, representando mais de 80%”, disse Ercolini na decisão.
Falando sobre a denúncia do Ministério Público, no final de fevereiro, Fernández afirmou concordar com a investigação e que sua inocência seria provada. “Não roubei nada nem participei de nenhum esquema, tampouco autorizei um”, afirmou ele a uma rádio local. O ex-presidente ainda não se pronunciou sobre a nova decisão.