Javier Milei completa um mês como presidente da Argentina
Desde que assumiu, ele tentou passar várias reformas de uma só vez, apesar de estar em minoria no Congresso
Márcio Resende
O presidente argentino Javier Milei completou um mês no cargo nesta quarta-feira (10). Desde que assumiu, ele tentou passar várias reformas de uma só vez, apesar de estar em minoria no Congresso.
Milei tenta obter mais poder para governar e desviar a limitação parlamentar, mas o presidente ainda pode enfrentar, nos próximos meses, a impaciência dos argentinos com a inflação alta.
No dia em que o presidente Javier Milei completou um mês no cargo, o governo argentino anunciou ter chegado a um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). É uma recuperação do compromisso que ficou sem efeito por falta de cumprimento das metas pelo governo anterior.
Foi a primeira decisão concreta de Milei. Até agora, foram mais de mil artigos de dois pacotes de medidas -- anunciados nas duas primeiras semanas de governo -- que ainda precisam passar pelo Congresso.
Em vez de costurar uma coalizão para formar maiorias, Javier Milei pediu superpoderes legislativos para governar, quer "carta branca" para implementar uma "revolução liberal", sem precisar do legislativo.
O presidente argentino, eleito com 55,7% dos votos, tenta aproveitar o capital político para passar todas as reformas de uma vez: trabalhista, previdenciária, eleitoral e tributária. São privatizações e alterações nos códigos civil e penal. Enquanto isso, há mais de 40 pedidos de inconstitucionalidade dos artigos -- e uma greve geral marcada para o dia 24.
Nas ruas, a paciência é testada diariamente. Argentinos se questionam até quando vão resistir a uma inflação em torno de 30% ao mês.
Nos últimos 30 dias, os combustíveis subiram 90% e um novo aumento virá nas próximas semanas, assim como os planos de saúde. Em fevereiro, será a vez do gás e da energia elétrica. O ajuste da economia tem vindo pela desvalorização da moeda e dos salários, que se diluem.
A régua para medir o sucesso do presidente Javier Milei deve ser colocada na capacidade do governo de reduzir a inflação. Os dados consolidados de 2023 serão divulgados nesta quinta-feira. Economistas estimam um índice entre 25% e 30% para o mês de dezembro, o que resultaria em cerca de 200% em todo o ano passado.