Israel invade base da missão de paz da ONU no Líbano
Força Interina das Nações Unidas no Líbano afirma que "invadir e entrar em uma posição da ONU é uma violação flagrante adicional do direito internacional"
Dois tanques das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) destruíram o portão principal de uma base da missão de paz da ONU no Líbano (Unifil) e invadiram o local, segundo comunicado da própria Unifil.
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Mais cedo, diz a nota, soldados da paz da base, que fica em Ramyah, no sul do Líbano, observaram três pelotões de soldados das IDF cruzando a Linha Azul para o território libanês.
A Linha Azul é uma linha de retirada temporária criada pela ONU em 2000 para confirmar a retirada das forças israelenses do sul do Líbano. Ela se estende por 120 km ao longo da fronteira sul do país e da fronteira norte de Israel. As forças de manutenção da paz da Unifil são responsáveis pelo local, considerando fundamental pela ONU para a paz na região.
Segundo a Unifil, no momento que os tanques destruíram o portão e invadiram a base, os soldados do local estavam em abrigos. Após a invasão, militares israelenses pediram várias vezes que o local apagasse suas luzes.
"Os tanques saíram cerca de 45 minutos depois que a Unifil protestou por meio de nosso mecanismo de ligação, dizendo que a presença da IDF estava colocando os soldados da paz em perigo", pontua o comunicado.
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Posteriormente, após a saída, bombas explodiram a 100 metros de distância da base. Elas emitiram fumaça.
"Apesar de usarem máscaras de proteção, 15 soldados da paz sofreram efeitos, incluindo irritação na pele e reações gastrointestinais, depois que a fumaça entrou no acampamento. Os soldados da paz estão recebendo tratamento", fala a Unifil.
Ainda de acordo com a missão de paz, no sábado (12), soldados das IDF interromperam um comboio logístico da Unifil próximo a Meiss Ej Jabal, no Líbano, negando a passagem dele.
"Pela quarta vez em tantos dias, lembramos a IDF e todos os atores de suas obrigações de garantir a segurança do pessoal e da propriedade da ONU e de respeitar a inviolabilidade das instalações da ONU em todos os momentos", diz o comunicado.
A Unifil afirma que "invadir e entrar em uma posição da ONU é uma violação flagrante adicional do direito internacional e da Resolução 1701 (2006) do Conselho de Segurança". Conforme a nota, "qualquer ataque deliberado a forças de paz é uma violação grave do direito internacional humanitário e da Resolução 1701".
"O mandato da Unifil prevê sua liberdade de movimento em sua área de operações, e qualquer restrição a isso é uma violação da Resolução 1701", acrescenta.
A missão de paz diz que cobrou uma explicação das IDF "para essas violações chocantes".
Cobrança de Netanyahu
De acordo com a agência de notícias britânica Reuters, em declaração recente dirigida ao secretário-geral da ONU, António Guterres, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu pontuou: "Chegou a hora de você retirar a Unifil dos redutos do Hezbollah e das zonas de combate".
Segundo Netanyahu, "as IDF solicitaram isso repetidamente e receberam recusas repetidas, o que teve o efeito de fornecer escudos humanos aos terroristas do Hezbollah".
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Conforme a Reuters, o conflito entre Israel e os militantes do Hezbollah, organização política e paramilitar libanesa, foi reiniciado há um ano, quando o grupo começou a lançar foguetes no norte de Israel em apoio à grupo radical Hamas. Israel vem combatendo o Hezbollah por terra no Líbano desde o início de outubro.
A agência de notícias reporta ainda que, nos últimos dias, cinco soldados da paz ficaram feridos em ataques, a maioria deles atribuída pela Unifil às IDF.
Neste domingo, diz a Reuters, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, conversou com Netanyahu por telefone. Na ocasião, ela classificou como inaceitável a Unifil ser atacada pelas Forças Armadas de Israel.