Independiente expulsa 25 torcedores após confronto violento na Sul-Americana
O episódio, ocorrido na última quarta (20), foi marcado por cenas de vandalismo e agressões nas arquibancadas
Antonio Souza
O Independiente, da Argentina, anunciou neste domingo (24) a expulsão imediata de 25 torcedores identificados como participantes dos confrontos violentos ocorridos durante a partida contra a Universidad de Chile, válida pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana. O episódio, ocorrido na última quarta-feira (20), foi marcado por cenas de vandalismo e agressões nas arquibancadas.
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"Graças às informações fornecidas por nossa instituição e à colaboração com a APreViDe, 25 dos infratores que participaram dos atos de violência ocorridos em nosso estádio durante a partida da última quarta-feira foram identificados. Eles serão expulsos imediatamente e solicitaremos a aplicação do direito de admissão vitalícia, para que nunca mais pisem em um campo de futebol", declarou o Independiente.
Veja:
A confusão começou no intervalo, quando torcedores da La U, como é chamado o time do Universidad de Chile, incendiaram objetos e atiraram cadeiras no setor destinado ao Independiente. Um torcedor chileno caiu do anel superior e só não morreu porque ficou preso a uma estrutura do estádio.
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O presidente do Chile, Gabriel Boric, condenou a violência e criticou a condução da segurança. Ele determinou que o ministro do Interior, Álvaro Elizalde, viajasse a Buenos Aires para acompanhar os feridos e verificar a situação dos detidos. "A violência não tem justificativa, de nenhuma parte, e protegeremos os direitos dos nossos cidadãos", disse.
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A Conmebol repudiou o ataque, abriu investigação e prometeu aplicar sanções disciplinares.
"A Confederação reafirma seu compromisso com a erradicação da violência no futebol e insta os clubes a adotarem as máximas medidas de prevenção e controle", declarou em nota.
Independiente e Universidad podem ser excluídos da Sul-Americana?
Segundo o Código Disciplinar da Conmebol, Independiente e Universidad de Chile podem ser punidos financeiramente ou até mesmo excluídos da competição. De acordo com Felipe Crisafulli, sócio do escritório Ambiel Bonilha Advogados e membro da Comissão de Direito Desportivo da OAB/SP, as sanções podem variar de acordo com o estatuto da entidade.
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"O artigo 6 do Código Disciplinar da Conmebol estabelece limites: elas não podem ser inferiores a 100 dólares, nem superiores a 400 mil dólares, valor máximo previsto no Estatuto da entidade. Esse mesmo dispositivo permite a aplicação de mais de uma sanção pelo mesmo fato, ou seja, podem ser combinadas advertência e jogos com portões fechados, ou até multa e exclusão da competição, inclusive de edições futuras , dependendo da análise dos fatos e da decisão dos órgãos competentes da Conmebol", destacou o advogado.
As equipes já apresentaram argumentos à entidade para tentar evitar punições severas A Unidade Disciplinar da entidade, no entanto, ainda não tem prazo para anunciar uma decisão.
O caso
O jogo de volta das oitavas de final da Copa Sul-Americana entre Independiente e Universidad de Chile foi suspenso na quarta (20) após uma confusão generalizada entre torcedores, que interrompeu a partida no início do segundo tempo, quando o placar marcava 1 a 1. No confronto de ida, os chilenos haviam vencido por 1 a 0.
A confusão começou no intervalo, quando torcedores da La U, como é chamado o Universidad de Chile, incendiaram objetos e atiraram cadeiras no setor destinado ao Independiente. O árbitro autorizou o reinício do jogo, mas precisou paralisá-lo em menos de cinco minutos.
A ausência de agentes de segurança nos anéis internos do estádio acentuou a tensão. O clube argentino havia contratado 150 seguranças privados, enquanto 659 policiais estavam posicionados apenas nos arredores.
Relatos também apontam a falta de divisórias entre setores e a liberação de 5 mil ingressos para visitantes, acima da capacidade usual.
Na última quinta (21), o Independiente responsabilizou os torcedores chilenos pelo início da confusão e informou que dirigentes do clube viajaram ao Paraguai para prestar esclarecimentos à Conmebol. A diretoria acrescentou que acionou protocolos de segurança, prestou assistência médica e continuará colaborando com a investigação.
"O clube trabalhará incansavelmente para garantir que cada indivíduo responsável seja identificado e punido, solicitando que os criminosos disfarçados de torcedores que responderam violentamente aos ataques de torcedores visitantes sejam impedidos de entrar", afirmou o clube argentino.
A Universidad de Chile afirmou, em nota, que sua principal preocupação é o estado de saúde dos torcedores agredidos.
"O que ocorreu hoje não pode acontecer em nenhum estádio nem em qualquer outro lugar. Um campo de futebol não pode ser palco das cenas que testemunhamos", afirmou o clube chileno.