Hiroshima: Japão presta tributo às vítimas da bomba nuclear nos 80 anos do ataque
Cerimônia que marca o aniversário do ataque nuclear reuniu descendentes das vítimas e líderes do país
SBT News
com informações da Reuters
Centenas de lanternas com mensagens de paz foram lançadas no rio Motoyasu, em Hiroshima, na noite de quarta-feira (6), manhã no Brasil, em homenagem às vítimas do bombardeio atômico que devastou a cidade japonesa há 80 anos.
Localizada no oeste do Japão, Hiroshima foi completamente destruída em 6 de agosto de 1945, quando os Estados Unidos lançaram uma bomba de urânio apelidada de "Little Boy". Aproximadamente 78 mil pessoas morreram instantaneamente. Até o fim daquele ano, o número de mortos, incluindo vítimas da radiação, chegou a cerca de 140 mil. Três dias depois, em 9 de agosto, uma segunda bomba atômica foi lançada sobre Nagasaki.
A tradição das lanternas teve início pouco depois do ataque nuclear, quando sobreviventes e famílias enlutadas começaram a soltar lanternas no rio para lembrar os mortos, segundo o governo de Hiroshima. Desde então, a cerimônia se repete anualmente, no aniversário do bombardeio, com mensagens que clamam por paz.
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“Eu realmente quero que o mundo seja pacífico, mas há mortes em massa demais de civis inocentes. O que está acontecendo na Palestina é realmente o pior, não é?”, disse Yasuyo Yamane, moradora de Hiroshima, nascida um mês após o bombardeio atômico.
A declaração de Yasuyo reforça os alertas recentes do Comitê Norueguês do Nobel e do Nihon Hidankyo, grupo japonês de sobreviventes da bomba atômica, sobre o aumento das tensões nucleares no mundo.
“Estamos agora à beira de uma nova e instável era nuclear”, afirmou Joergen Watne Frydnes, presidente do Comitê Nobel, durante a Conferência do Prêmio Nobel da Paz, realizada em Oslo nesta quarta, em celebração ao trabalho do Nihon Hidankyo no 80º aniversário dos ataques atômicos de 1945.
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Frydnes destacou que o tabu nuclear, estabelecido com o apoio dos Hibakusha — sobreviventes japoneses da bomba —, está ameaçado pela modernização dos arsenais das potências nucleares, pela tentativa de novos países em obter armas atômicas e pelo colapso dos tratados internacionais de desarmamento.
Masako Wada, secretária-geral assistente do Nihon Hidankyo e sobrevivente do bombardeio de Nagasaki, criticou os países que possuem armas nucleares por não cumprirem seus compromissos previstos no Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.
“Devido à sua insinceridade e arrogância, toda a raça humana está à beira de uma guerra nuclear. No mundo instável de hoje, o risco de uso de armas nucleares é o maior desde o fim da Guerra Fria”, alertou.