Exército de Israel invade Hospital Kamal Adwan, no norte de Gaza, e atinge tanques de oxigênio
Mais de 200 feridos e 14 recém-nascidos estão internados no local, um dos três hospitais que permanecem em funcionamento na região sob cerco
O Hospital Kamal Adwan, um dos três hospitais que continuam funcionando parcialmente no norte da Faixa de Gaza, foi invadido pelo exército de Israel na madrugada desta sexta-feira (25). Autoridades de saúde do enclave palestino afirmam que militares dispararam contra a instalação e atingiram o setor de oxigênio, arriscando a vida de 150 feridos e 14 recém-nascidos internados na UTI da unidade de saúde.
De acordo com a emissora catari, Al Jaazera, a equipe médica, pacientes, feridos e refugiados foram levados para o pátio do hospital e ordenados a deixar o edifício. O exército israelense também realizou prisões em massa de homens que estavam refugiados no prédio. Entre os detidos, todos levados para uma área desconhecida, está o jornalista Abdul Rahman “Aboud” Battah.
+ Ataque de Israel a escola em campo de refugiados deixa 17 mortos em Gaza
O sequestro dele foi denunciado pelo diretor do Euro-Med Human Rights Monitor, Ramy Abdu. Em publicação no X, ele afirmou que as forças israelenses maltrataram o adolescente, que tem 3,5 milhões de seguidores no Instagram, e o levaram para um local desconhecido.
A invasão do hospital Kamal Adwan também foi confirmada pela emissora norte-americana CNN. Maher Shamiya, um representante do Ministério da Saúde, disse à emissora que os militares israelenses demoliram partes do muro do hospital, e confirmou que os militares entraram no pátio do hospital uma segunda vez na manhã desta sexta-feira (25) e começaram a separar homens e mulheres.
“Depois disso, tornou-se impossível se comunicar com qualquer pessoa.”, afirmou.
Anteriormente, o diretor do hospital, Dr. Hussam Abu Safiya, já havia afirmado à CNN que tanques e escavadeiras israelenses entraram no complexo e começaram a disparar em partes da estrutura.
+ Ataques a hospitais, civis e tortura: o que são crimes de guerra?
“Ficamos chocados com a entrada de escavadeiras e tanques no complexo do hospital,” afirmou ele à reportagem, acrescentando que os tanques começaram a disparar nos andares superiores, quebrando janelas e “criando um clima de pânico, terror e medo.”
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom, informou no X que o contato com o pessoal do Hospital Kamal Adwan foi perdido depois que a instalação foi invadida por soldados israelenses.
Tedros descreveu a situação como"profundamente perturbadora", dizendo que o contato final foi feito ontem à noite, quando 23 pacientes e 26 cuidadores foram transportados para o Hospital al-Shifa em meio aos crescentes ataques israelenses.
“O Hospital Kamal Adwan está lotado com quase 200 pacientes — um fluxo constante de casos de traumas horríveis. Também está cheio de centenas de pessoas buscando abrigo.”, escreveu.
"O acesso a hospitais em Gaza está ficando incrivelmente mais difícil e expõe nossa equipe a perigos desnecessários...Apelamos ao cessar-fogo imediato e à proteção de hospitais, pacientes, profissionais de saúde e humanitários", completou.
O diretor-geral publicou vídeos da missão. As imagens mostram a destruição em volta do hospital.
A invasão acontece ao mesmo tempo em que três ataques deixaram pelo menos 72 mortos na Faixa de Gaza desde quinta-feira à noite. Segundo o Ministério da Saúde do enclave palestino, um ataque a casas na cidade de Khan Younis, no sul, matou pelo menos 38, muitas delas mulheres e crianças.
Outro ataque atingiu três casas na cidade vizinha de Beit Lahiya, em Gaza, matando 25 pessoas e ferindo dezenas de outras. Mais tarde, um ataque aéreo israelense matou nove pessoas no campo de Shati na Cidade de Gaza. Desde 7 de outubro de 2023, quando começou a guerra na Faixa de Gaza, 42.847 pessoas foram mortas e há 100.544 feridos no enclave palestino.