Custo de vida pesou nos votos dos americanos em Trump
Percepção dos eleitores em relação à economia influenciou a vitória do republicano, mas a maior mensagem deixada nas urnas é o desejo de mudança
A percepção dos americanos sobre o custo de vida nos Estados Unidos influenciou o resultado das eleições, mesmo com uma inflação estável no país.
O SBT Brasil foi às ruas ouvi-los. Em Beverly Hills, no centro da progressista Los Angeles, foi fácil encontrar eleitores de Donald Trump. É o caso de Loki, um jovem negro, de 23 anos, que acredita que, por ser um empresário de sucesso, Trump vai conseguir resolver o que ele considera ser o maior problema do país: a economia.
Dados recentes mostram um crescimento de 2,8% do PIB americano no último trimestre, um índice de desemprego de 4,1%, salários com alta de 4,6% e inflação estável em 2,4% ao ano. No entanto, o aumento dos preços dos alimentos e das despesas básicas contribuíram para o voto no republicano. O custo de vida subiu 20% nos últimos quatro anos.
A brasileira Danuza Machado, que vive há dois anos nos Estados Unidos, sentiu o impacto no bolso. "Aumentou bastante, o mercado, gasolina, aluguel, roupas, tudo. Tá bem complicado viver aqui", afirma a arquiteta.
A mensagem deixada com a votação nos Estados Unidos vai além da economia, passa por temas que vão desde os costumes até a imigração. Lori, imigrante canadense, conta que votou em Trump por considerar que ele vai cortar gastos com a imigração e com o seguro saúde dos recém-chegados, o que, segundo ela, permitirá que o cidadão americano tenha mais recursos disponíveis.
Apesar do discurso contra a imigração, Donald Trump teve um crescimento entre o eleitorado latino nestas eleições. Para especialistas, a vitória do republicano pode dizer mais sobre os democratas e o desejo do público por mudanças, do que sobre o próprio republicano.
A professora de Relações Internacionais Priscila Caneparo explica que a impressão do eleitor é que a crise migratória não foi controlada nas políticas de Biden.
Por outro lado, Trump deu resposta a outras questões: "naquele cinturão da ferrugem onde a gente vê que são as empresas que alavancaram nas décadas de 80 e 90, mas hoje foram substituídas por produtos chineses. Essa é uma grande demanda de uma população que não foi atendida ou talvez nem tenha sido escutada pela era democrata", avalia a professora.