Casa Branca diz não ver sinais de possível ataque nuclear da Rússia na Ucrânia
Declaração ocorre um dia após Putin fazer mais uma ameaça nuclear ao Ocidente
Camila Stucaluc
A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, afastou a hipótese de a Rússia estar se preparando para usar armas nucleares na Ucrânia. Em coletiva nessa quarta-feira (13), ela afirmou que não foram detectados sinais de que Moscou estaria movimentando o tipo de armamento para o campo de batalha, apesar das constantes ameaças do Kremlin.
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"Não há qualquer indicação de que a Rússia esteja se preparando para usar uma arma nuclear na Ucrânia. Portanto, não vemos quaisquer razões para ajustar a nossa própria postura nuclear", disse a porta-voz norte-americana.
A declaração ocorreu um dia após o presidente russo, Vladimir Putin, fazer mais uma ameaça nuclear. Em entrevista à estatal RIA, o líder afirmou que o país está pronto para usar armas nucleares se sofrer ameaças. O mesmo alerta foi feito caso a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) envie tropas terrestres para a Ucrânia.
"Posso dizer que entendemos que Putin estava reafirmando a doutrina nuclear da Rússia. No entanto, essa tem sido imprudente e irresponsável. Foi a Rússia que invadiu brutalmente a Ucrânia sem provocação ou justificação. E continuaremos a apoiar a Ucrânia enquanto eles defendem seu povo e sua soberania territorial da agressão russa", disse Karine.
Ameaças nucleares
As ameaças nucleares russas vêm tomando força depois que Putin suspendeu a participação do país no acordo de controle de armas nucleares com os Estados Unidos – o New Start. O acordo, assinado em 2010, limitava ambos os países a ter no máximo 1.550 ogivas nucleares e 700 mísseis e bombas, além de realizarem inspeções militares.
Segundo a Federação dos Cientistas dos Estados Unidos (FAS, em inglês), Moscou possui hoje o maior número de ogivas nucleares do mundo, uma vez que herdou o arsenal da União Soviética. Ao todo, são 5.580 ogivas, sendo 4.380 para uso em lançadores estratégicos de curta e longa distância. Cerca de 1,7 mil já estão posicionadas.
O arsenal é capaz de destruir o mundo várias vezes, conforme projeções da Reuters. A doutrina nuclear russa, contudo, permite a utilização das ogivas apenas caso o país seja atacado por armas nucleares ou quando estiver com a própria existência ameaçada.
Em 2023, o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, criticou o envio de armas para a Ucrânia, justificando que a ação aumenta a tensão entre Moscou e o Ocidente. "Se a Terceira Guerra Mundial começar, então, infelizmente, não será em tanques ou mesmo em combatentes”, disse, referindo-se ao poder nuclear.