Cápsula para “suicídio autônomo” é usada pela 1ª vez e leva "várias pessoas" à prisão na Suíça
Com o apelido “Sarco”, equipamento não está de acordo com normas do país por se tratar de eutanásia; entenda
*Tema sensível
Autoridades suíças prenderam várias pessoas depois que a polêmica cápsula para “suicídio autônomo” foi utilizada pela primeira vez no país. As informações são da Associated Press.
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Com o apelido “Sarco”, em referência aos túmulos egípcios, é desenvolvida para que uma pessoa retire a própria vida apenas com o apertar de um botão. Em um assento reclinável a câmara selada libera gás nitrogênio, levando o usuário ao sono e depois à morte por sufocamento. Todo o processo dura minutos e foi desenvolvido por uma empresa holandesa.
O grupo, que produz o equipamento em impressão 3D, diz que o “caixão futurista” custa em média 1 milhão de dólares para ser feito.
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*CVV (Centro de Valorização à Vida) - Atendimento por ligação gratuita, 24 horas por dia, pelo número 188. Há também as opções de atendimento físico, chat e e-mail.
Pode falar - Canal de atendimento da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) criado para ajudar pessoas de 13 a 24 anos a lidarem com questões de saúde mental.
Além disso, pela rede pública, o atendimento para questões de saúde mental pode começar via atendimento pelas UBSs (Unidade Básica de Saúde) ou pelos Caps (Centros de Atenção Psicossocial) Infanto-Juvenil espalhados pelo Brasil.
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Entenda a polêmica
Acontece que a Suíça permite o suicídio em algumas situações, como o caso de pacientes terminais. Porém, este deve ser feito de maneira assistida e nunca sem o respaldo legal e médico.
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Importante: o suicídio assistido e a eutanásia são coisas diferente. No primeiro, uma equipe médica fornece medicamentos para o procedimento, mas é o próprio paciente que administra a dose fatal. Já no segundo, terceiros administram a dose. No Brasil, os dois métodos são proibidos sob pena de seis meses a 2 anos de prisão para quem auxilia o ato.
A legislação no país europeu, por exemplo, permite o suicídio assistido desde que não seja por "motivos egoístas", mas ainda é o país com as regras mais permissivas: não estipula um limite de idade nem condições médicas. Mas não permite a eutanásia.
Segundo aponta o portal da AP, promotores do condado de Schaffhausen, que cuidam de processos criminais contra várias pessoas por “induzir, auxiliar e instigar suicídio”, receberam informações de que o equipamento seria utilizado em uma floresta de Merishausen, na fronteira com a Alemanha. Foram estes que alertaram os agentes.
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Em meio a isso duas informações se cruzaram:
- O jornal holandês (onde tanto o suicídio assistido quanto a eutanásia são legais, a depender da decisão judicial) Volkskrant relatou na terça-feira que a polícia havia detido um de seus fotógrafos que queria tirar fotos do uso do Sarco. O jornal não quis fazer mais comentários quando contatado pela Associated Press;
- A Exit International, o grupo por trás do Sarco, disse em um comunicado que uma mulher de 64 anos do Centro-Oeste dos EUA, que sofria de "grave comprometimento imunológico", morreu na tarde de segunda-feira perto da fronteira com a Alemanha usando o dispositivo Sarco, que Florian Willet, copresidente do The Last Resort, uma afiliada suíça da Exit International, era a única pessoa presente.
Juristas suíços indicaram que o uso da cápsula suicida pode levar a um processo.