Vício em smartphone e aplicativos pode afetar a saúde mental e o sono
Pesquisa feita na Austrália mostra que usuários tem medo de ficar sem usar o dispositivo
Cido Coelho
Um estudo da Universidade de South Wales, em Sidney, capital da Austrália, aponta que a vontade constante de estar conectado ao smartphone e aplicativos pode levar a um novo distúrbio psicológico conhecido por nomofobia, que significa no mobile-phone-fobia, traduzindo medo de ficar sem telefone celular.
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Além disso, o medo pode também provocar privação de sono e problemas mentais. Segundo os cientistas, o vício em usar o celular o tempo todo vem da liberação da dopamina no momento em que usamos o dispositivo. É neste momento que o hormônio age para dar sensação de prazer, satisfação e aumenta a motivação.
Segundo um dos autores do estudo, o professor Eric Lim, da Escola de Sistemas de Informação e Gerenciamento de Tecnologia, da University of South Wales, existe uma preocupação com uso exagerado do smartphone, com isso, foi percebido que a "dopamina atrai os usuários de telefone de volta todos os dias e aí que os problemas podem realmente começar a surgir", com o desenvolvimento da nomofobia e, com isso os efeitos do uso se tornam evidentes.
"Torna-se um ciclo vicioso em que quanto mais estamos conectados, mais precisamos desses aplicativos para fornecer conteúdo sempre novo para nos manter ligados à dopamina que eles fornecem", argumenta o pesquisador.
Lim observa que o vício no aparelho no vale a pena para a saúde, mas gerou uma "economia da atenção", onde as empresas fazem de tudo para atrair a atenção do público, para vender produtos ou serviços, para monetizar, fazendo com que os usuário deixe de ser produtivo.
O levantamento da operadora de telecomunicações Virgin Mobile aponta que bilhões de usuários de smartphone receberam 427% mais mensagens e notificações em relação à última década.
Além disso, os mesmos usuários enviaram 2278% mais textos, segundo o estudo do Addicton Center e, desde 2004, segundo o buscador Google, as buscas por 'vício em celular' tem aumentado.
No Brasil, em 2021, os brasileiros passaram 5,4 horas diárias usando o aparelho. Com a chegada da pandemia de Covid-19, a utilização do celular aumentou, crescendo 30% nos últimos dois anos.