Brasileira que caiu em trilha de vulcão na Indonésia é encontrada morta, diz família
Juliana Marins estava presa no local, que fica no Parque Nacional do Monte Rinjani, desde sexta-feira (20)
Emanuelle Menezes
Juliana Marins, brasileira que caiu de um penhasco no entorno do vulcão Rinjani, em Lombok, na Indonésia, foi encontrada morta na noite desta terça-feira (24) (no horário local – Lombok está 11h à frente do horário de Brasília), segundo a família da jovem.
"Hoje, a equipe de resgate conseguiu chegar até o local onde Juliana Marins estava. Com imensa tristeza, informamos que ela não resistiu", escreveram os familiares da turista em uma publicação no Instagram.
Sete socorristas teriam conseguido se aproximar da jovem nesta terça. Juliana estava escorregando e, da última vez que foi vista, já se encontrava a mais de 950 metros de profundidade.
O helicóptero que poderia ser utilizado no resgate não conseguiu chegar até ela devido à forte neblina. A brasileira estava presa no local, que fica no Parque Nacional do Monte Rinjani, a 1.200 km de distância da capital, Jacarta, desde sexta-feira (20), quando caiu da borda da cratera do vulcão durante uma trilha.
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores lamentou a morte da turista e afirmou que acompanhava os trabalhos de busca desde a noite de sexta-feira (20), quando foi informado da queda.
"Ao final de quatro dias de trabalho, dificultado pelas condições meteorológicas, de solo e de visibilidade adversas na região, equipes da Agência de Busca e Salvamento da Indonésia encontraram o corpo da turista brasileira", afirmou o Itamaraty.
Queda em vulcão
Natural de Niterói (RJ), Juliana fazia sozinha um mochilão pela Ásia desde fevereiro. A jovem, de 26 anos, passou por países como Filipinas, Tailândia e Vietnã antes de chegar a Indonésia. No país, decidiu realizar uma trilha de três dias e duas noites no vulcão Rinjani, acompanhada de um guia e cinco turistas.
No segundo dia de percurso, ao parar para descansar, a jovem caiu do penhasco que circunda a trilha junto à cratera do vulcão. O guia, que teria dito para ela parar no caminho e depois reencontrar o grupo, suspeitou da demora e, cerca de 1 hora depois, viu que Juliana havia caído mais de 300 metros em um precipício.
Horas depois, outros turistas que passavam pela trilha conseguiram visualizar a jovem, com o auxílio de um drone. Eles que entraram em contato com a família da brasileira.
Demora no resgate
A família de Juliana acusou o governo da Indonésia de divulgar mentiras sobre um possível resgate à jovem, além de forjar vídeos mostrando que ela recebeu alimentos, água e agasalho.
Em entrevista para a imprensa, a Agência Nacional de Busca e Resgate da Indonésia (Basarna) informou que a demora para iniciar os trabalhos de busca e salvamento aconteceu porque as equipes só foram avisadas do acidente depois que um integrante do grupo de Juliana conseguiu descer até um posto, em uma caminhada que levou cerca de 8 horas. Além disso, foram necessárias algumas horas até que os resgatistas subissem até o local.

Drones mostraram que Juliana estava viva na segunda
Nos dois primeiros dias de buscas, drones com sensores térmicos não encontraram Juliana. Ela foi localizada apenas na manhã de segunda-feira (23). A temperatura do corpo mostrou que ela ainda estava viva, porém se mantinha imóvel. Neste momento, ela já estava a uma profundidade de aproximadamente 500 metros.
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Condições climáticas e geográficas prejudicaram resgate
Segundo a família de Juliana, dois helicópteros estavam de sobreaviso para o resgate, um em Sumbawa e outro em Jacarta, mas as condições climáticas impossibilitavam o vôo.
As condições geográficas também prejudicaram o trabalho de salvamento, segundo a Basarna. Alpinistas tentavam chegar até a brasileira por meio de cordas, mas a fixação de uma estrutura, no terreno que é arenoso e escorregadio pela umidade, era dificultada.
Embaixada brasileira acompanha
Dois funcionários da Embaixada do Brasil em Jacarta foram deslocados para o local para acompanhar os trabalhos de resgate. "Desde que acionada pela família da turista, a embaixada do Brasil em Jacarta mobilizou as autoridades locais, no mais alto nível. O embaixador do Brasil em Jacarta entrou pessoalmente em contato com o Diretor Internacional da Agência de Busca e Salvamento e com o Diretor da Agência Nacional de Combate a Desastres da Indonésia", disse o Itamaraty.

Pai está a caminho da Indonésia
O pai de Juliana, Manoel Marins, anunciou nesta terça-feira (24), antes do comunicado sobre a morte da jovem, que estava em um avião para Bali, na Indonésia, para acompanhar o resgate.
Ontem, ele havia informado que não estava conseguindo embarcar para o país, após uma escala em Lisboa, pois o espaço aéreo de Doha estava fechado devido ao ataque do Irã a bases dos Estados Unidos no Catar.
"Estamos aqui no aeroporto de Lisboa e infelizmente soubemos que o espaço aéreo do Catar e Doha foi fechado. Nosso voo obrigatoriamente passa por Doha. Não sei se será possível viajar ainda hoje pra lá", relatou Manoel.