“Brasil desafiou Trump e venceu”, diz The New York Times após prisão de Bolsonaro
Jornal norte-americano ressalta recuo de Trump e fortalecimento político de Lula após tentativa de interferência dos EUA
SBT News
Paulo Sabbadin
O jornal norte-americano The New York Times afirmou, em análise publicada nesta segunda-feira (24), que o "Brasil desafiou Trump e venceu", referindo-se à prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro e à mudança de postura do presidente dos Estados Unidos.
Em sua reação à notícia da prisão de Bolsonaro, Trump respondeu apenas: “that’s too bad” (“que pena”). Questionado por repórteres se tinha algo a dizer sobre o caso, limitou-se a dizer: “não. Só acho que é uma pena”.
O jornal destaca a diferença de atitude em relação aos meses anteriores, quando, em julho, Trump chegou a enviar uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva justificando o aumento de tarifas e exigindo que as acusações contra Bolsonaro fossem retiradas.
“Cinco meses depois, Trump praticamente admitiu a derrota”, diz o New York Times em texto assinado pelo repórter Jack Nicas, que foi correspondente no Brasil.
Segundo a publicação, o episódio revela os limites da capacidade de Trump de influenciar governos estrangeiros e sua disposição de abandonar aliados quando lhe convém.
A análise considera que a intervenção de Trump foi uma tentativa extraordinária de influenciar um dos casos legais mais relevantes do Brasil nas últimas décadas, utilizando ferramentas diplomáticas e políticas. No entanto, as instituições brasileiras ignoraram a pressão.
“A aparente capitulação de Trump mostra que seus esforços foram basicamente em vão”, acrescenta o jornal.
Ainda segundo o NYT, as ações do presidente norte-americano podem ter tido efeito contrário. O aumento das tarifas sobre produtos brasileiros, como carne e café, pressionou os preços nos Estados Unidos, em um momento em que a Casa Branca enfrenta cobrança por medidas para conter a inflação. Lula, por outro lado, saiu mais fortalecido politicamente do embate com Washington, afirma a publicação.
Na época da intervenção de Trump, Bolsonaro era visto como o grande vencedor.
“Agora está claro que ninguém perdeu mais do que ele”, conclui o New York Times.
