Após críticas, Casa Branca defende perdão de Biden a filho
Porta-voz Karine Jean-Pierre afirmou que Hunter poderia ser alvo de novas perseguições políticas mesmo com o fim do mandato do democrata
Camila Stucaluc
A Casa Branca se manifestou sobre o perdão concedido pelo presidente Joe Biden ao filho, Hunter – condenado por posse ilegal de arma e acusado de sonegar US$ 1,4 milhão em impostos. Na segunda-feira (2), a porta-voz Karine Jean-Pierre defendeu a decisão, dizendo que Hunter poderia ser alvo de novas perseguições por oponentes políticos.
Ao conceder o perdão, Biden disse que as acusações contra o filho surgiram apenas devido à movimentação de opositores políticos, que visavam derrubar sua campanha eleitoral este ano. Segundo ele, houve um esforço para “quebrá-lo” através de Hunter.
“Nós vimos, nos últimos cinco anos ou mais, os oponentes políticos do presidente dizerem isso. Eles estavam indo atrás de Hunter Biden”, disse Karine. Ela acrescentou que Biden decidiu conceder o perdão presidencial porque acreditava que os opositores continuariam perseguindo Hunter mesmo após sua saída do governo em janeiro de 2025.
A porta-voz da Casa Branca enfatizou ainda que essa não foi a primeira vez que um presidente perdoou um integrante da família. Bill Clinton perdoou seu meio-irmão Roger antes de deixar o cargo, enquanto Donald Trump condenou o perdão ao sogro de sua filha, Charles Kushner. Ela ainda citou a frase de um promotor da Flórida.
“Duvido que essas acusações teriam sido feitas contra um cara chamado Hunter Smith. Foi porque ele é filho do presidente. Esse é o promotor estadual do Condado de Palm Beach, Flórida, Dave Aronberg. Foi o que ele disse”, afirmou.
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A declaração da Casa Branca vem após uma série de críticas ao perdão de Biden a Hunter, sobretudo por republicanos. Parlamentares democratas, por sua vez, se dividiram nas opiniões, com alguns dizendo que o presidente colocou a família acima do país, e outros justificando a decisão pelos indicados de Trump para futuros cargos judiciais.
Perdão a Hunter
Hunter Biden foi condenado por três crimes relacionados à compra de uma arma de fogo em 2018. Segundo a promotoria, Hunter mentiu duas vezes ao adquirir a arma: primeiro para um vendedor de armas licenciado pelo governo federal e, depois, no formulário para rastrear candidatos a porte de armas quando alegou não ser viciado ou usar drogas ilegais. Por último, Hunter teria ilegalmente possuído o revólver por 11 dias.
Somadas, as penas dos crimes podem chegar até 25 anos de prisão. A sentença, contudo, seria determinada essa semana pelo tribunal federal de Delaware.
Além da compra e porte ilegal de arma, Hunter foi acusado de envolvimento em um esquema para evitar pagar pelo menos US$ 1,4 milhão em impostos. Ele deveria ir a julgamento na Califórnia ainda este ano, onde se declararia culpado. Neste caso, as acusações previam até 17 anos de prisão.
O perdão concedido por Biden elimina a chance de Hunter ser sentenciado pelos crimes e levado para a prisão. A decisão não pode ser revogada por Trump, que retornará à Casa Branca em janeiro de 2025.