4 suspeitos de estupro de brasileira na Índia ainda são procurados; veja o que se sabe sobre caso
Vítima e marido têm um canal de viagens nas redes sociais e já conheceram 66 países viajando de moto
A polícia indiana segue à procura de quatro suspeitos de estuprar a brasileira Fernanda Santos, no distrito de Dumka, no leste da Índia, na noite de sexta-feira (1º). A influencer de viagens, de 28 anos, acampava com o marido, o espanhol Vicente Barbera, quando foram atacados por um grupo de sete homens. Três suspeitos do crime foram detidos no sábado (2) e permanecem em prisão preventiva.
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O que aconteceu?
Fernanda e Vicente, do canal Volta ao Mundo em Moto, viajavam rumo ao Nepal quando resolveram montar um acampamento do distrito de Dumka, no estado de Jharkhand. Eles foram atacados na noite de sexta-feira (1º) por ao menos sete homens. Nas redes sociais em que compartilham suas viagens pelo mundo, ela contou o que aconteceu:
"Algo aconteceu conosco que não desejamos a ninguém. Sete homens me estupraram, nos espancaram e nos roubaram. Não levaram muitas coisas porque o que eles queriam mesmo era me estuprar. Estamos no hospital com a polícia", disse ela.
O espanhol contou que foi agredido com um capacete e uma pedra enquanto a esposa era vítima do estupro coletivo. "Minha boca está destruída, mas minha parceira está pior que eu. Me bateram várias vezes com o capacete, com uma pedra na cabeça", contou Vicente.
Onde eles estão?
Após serem levados ao hospital, onde foi constatado que Fernanda foi estuprada, e receberem tratamento, o casal de viajantes foi hospedado pelo governo de Dumka.
Eles devem retornar para a Espanha nos próximos dias, segundo autoridades locais.
Influenciadores de viagens
O casal tem um canal de viagens, onde compartilha a rotina de rodar pelo mundo de motocicleta. Em cinco anos, eles já percorreram mais de 170 mil quilômetros e conheceram 66 países.
Vicente é espanhol e Fernanda, que é brasileira, também tem cidadania espanhola. Eles chegaram na Índia em julho de 2023 e, nesse período, conheceram países vizinhos como o Nepal, Sri Lanka e Bangladesh, mas sempre retornando para território indiano.
Suspeitos presos
Três homens foram presos no sábado (2) por suspeita de participação no estupro. a Polícia de Dumka publicou nas redes sociais uma foto dos suspeitos, com o rosto coberto.
"Durante o interrogatório, os arguidos confessaram sua participação (…) Os demais serão detidos em breve", afirmou o superintendente da polícia local durante uma coletiva de imprensa.
Outros quatro suspeitos foram identificados pela polícia e seguem sendo procurados. Fernanda publicou em suas redes sociais a foto de um deles. "Um dos mais violentos", disse ela.
Defenderam a Índia
A brasileira condenou as generalizações feitas nos comentários de suas publicações. "Ninguém está livre disso em nenhum país do mundo. Isso já aconteceu muitas vezes na Espanha, no Brasil", disse Fernanda.
"A Índia é um grande país. Vale a pena visitá-la com suas coisas boas e ruins. Isso é apenas um incidente. Não queremos que pensem que é um país mau. Não é assim", disse Vicente.
Violência sexual no país
Segundo o Escritório Nacional de Registro de Crimes, em 2022 a Índia registrou uma média de 90 estupros por dia. Os números, denunciam organizações, são subnotificados por causa do estigma a que essas mulheres são submetidas e das raras condenações.
A lei indiana estabelece penas severas para crimes de estupro, com ao menos 10 anos de reclusão. Nos casos de estupro coletivo, a pena pode chegar à prisão perpétua.
Entretanto, as condenações são raras e muitas denúncias acabam soterradas pelo sistema judicial do país com maior população do planeta.
Embaixadas acompanham o caso
A embaixada do Brasil em Nova Delhi repudiou o ataque e afirmou que tem prestado assistência consular à brasileira.
Como Fernanda entrou na Índia com o passaporte espanhol, as autoridades locais procuraram a embaixada da Espanha, que está dando assistência consular às vítimas.
A embaixada da Espanha na Índia se pronunciou no X (antigo Twitter), destacando que é preciso um "compromisso de eliminar a violência contra as mulheres em todo o mundo".