Israel terá responsabilidade pela segurança de Gaza após guerra, diz Netanyahu
Fala de premiê israelense vai contra conselho do presidente dos Estados Unidos
Camila Stucaluc
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou, na noite de 2ª feira (6.nov), que o país pode ser responsável pela gestão da Faixa de Gaza por tempo indeterminado após o fim da guerra com o grupo palestino Hamas. A ideia, segundo ele, visa garantir a segurança na região e, ao mesmo tempo, permitir que Jerusalém reforce os planos de defesa.
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"Acho que Israel terá, por um período indefinido, a responsabilidade geral de segurança, porque vimos o que acontece quando não a temos. Quando não temos essa responsabilidade de segurança, o que temos é a erupção do terror do Hamas em uma escala que não imaginávamos", disse Netanyahu em entrevista à ABC News.
A declaração vai contra o conselho do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, grande aliado de Israel. Em meados de outubro, quando as tropas israleneses anunciaram o início da ofensiva terrestre, o democrata disse que seria um erro se Jerusalém voltasse a ocupar Gaza, defendendo um caminho para a existência de um Estado palestino.
Em resposta ao comentário de Netanyahu, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, afirmou que o cenário ainda não é certo. "Estamos conversando com nossos homólogos israelenses sobre como deve ser a governança em Gaza pós-conflito e não acredito que nenhuma solução tenha sido resolvida de uma forma ou de outra. O que apoiamos é que o Hamas não pode mais controlar Gaza", disse.
A Faixa de Gaza é um território palestino de 41 km de comprimento e 10 km de largura, que faz fronteira com Israel e Egito. O local, que tem o território menor que a cidade do Rio de Janeiro, é abrigo de 2,1 milhões de pessoas e está entre os alvos constantes do exército israelense, que, além dos bombardeios aéreos, começou uma ofensiva por terra na região.
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O cenário intensificou ainda mais a crise humanitária em Gaza, que hoje contabiliza mais de 10 mil mortos. Apesar da abertura da passagem de Rafah com o Egito, os envios de suprimentos continuam insuficientes para atender todos os moradores, que temem ficar sem comida. Nos hospitais, a situação segue insustentável em meio ao alto número de feridos (mais de 24 mil) e à falta de eletricidade e insumos.