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"Assassinos da Lua das Flores": Martin Scorsese chega com mais uma obra-prima

História adaptada por diretor foi inspirada na comunidade indígena norte-americana Osage e a origem do FBI

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MARTIN SCORSESE e a apresentacao do filme no dolby theatre
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Escolha um cinema com cadeiras confortáveis para degustar as 3h30min do mais novo filme de um dos principais diretores de todos os tempos. "Assassinos da Lua das Flores" estreia nesta 5ª (19.out) nos cinemas brasileiros e Martin Scorsese traz uma história emocionante, baseada em acontecimentos do início do século XX e já se coloca na linha de frente para as principais premiações, levando junto o elenco com Leo DiCaprio, Robert De Niro e a incrível LiLy Gladston.

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O SBT News foi a estreia em Los Angeles e participou de uma conversa com o cineasta que falou sobre esse enredo que fala de violência, traição, manipulação, amor, poder e de como os europeus brancos se relacionaram com os povos originários. 

O Dolby Theater, local onde acontece a cerimônia do Oscar, estava lotado para a grande noite. Quem chegava era recebido pelos tambores e vozes da nação Osage, comunidade indígena norte-americana que inspirou a trama de Scorsese. Na sequência, cheio de sorrisos e agradecimentos, entrou o cineasta arrancando aplausos e sons, que no decorrer do filme descobrimos que são uma espécie de grito de guerra dos Osage.

Lançamento aconteceu no Dolby Theather | Divlugação/Apple TV+

A plateia estava repleta de pessoas vestidas com as roupas tradicionais desses povos originários. No longa foi usado muito do vestuário de época, resgatado da própria comunidade por atores que tiveram seus antepassados vivendo a história real.

Se a apresentação que durou pouco mais de dez minutos emocionou quem estava presente em um misto de risos e lágrimas, as próximas três horas e meia trouxeram uma montanha-russa de sentimentos e muito embrulho no estômago pela maneira que os Osage, que foi um dos povos mais ricos do mundo quando foi descoberto petróleo em suas terras, foi dizimado. 

Reencontros e perfeição

Martin Scorsese traz uma história emocionante, baseada em acontecimentos do início do século XX | Divulgação/Apple TV+

Brilhantemente filmado, editado e sonorizado, o filme pode ser dividido em duas partes: as primeiras duas horas que nos ambientaliza com a comunidade e o restante com a chegada dos investigadores. Este é considerado um dos primeiros casos de homicídio do FBI, quando a organização foi criada por J. Edward Hoover, no início do século passado.

Dois dos atores preferidos de Scorsese se encontram pela primeira vez em um filme do cineasta: Robert De Niro e Leonardo DiCaprio, que interpretam tio e sobrinho, os homens brancos queridos pela comunidade.

Apesar de Scorsese ter trabalhado com eles em 16 filmes, esta é a primeira vez que os três trabalham juntos no mesmo longa, além de ser a primeira vez, em 30 anos, que De Niro e DiCaprio atuam juntos em um filme, depois de sua primeira colaboração em "O Despertar de um Homem" ("This Boy's Life").

Mas é a atriz pouco conhecida, criada em uma reserva indígena americana (Blackfeet Nation), Lily Gladston que como coadjuvante dá um show e brilha mais que os badalados astros hollywoodianos. Já coloque ela na sua listinha de apostas aos Oscar 2024, DiCaprio e De Niro, também.

Scorsese se inspira na comunidade indigena Osage | Divulgação/Apple TV+

Em conversa com jornalistas, antes da pré-estreia em Los Angeles, Scorsese contou que na década de 1970 teve o primeiro contato sobre a narrativa, mas que na ocasião, com vinte e poucos anos, era muito novo. 

"Levou anos e estou fascinado sobre como realmente lidar com essa cultura de forma respeitosa, sem ser de uma maneira santificada, que não caia naquilo que Jean-Jacques Rousseau chama de "o nobre nativo", nada disso. Mas algo como, quão verdadeiros podemos ser e ainda assim ter autenticidade e respeitar a dignidade e lidar honestamente com a verdade honestamente, da melhor maneira possível. Quando li essa história, vi que provavelmente seria a que poderíamos lidar dessa maneira e particularmente nos envolvendo com a cultura dos Osage e inserindo elementos culturais, rituais e momentos espirituais", contou Scorsese.

Scorsese disse que tentou equilibrar a história da criação do FBI com a da comunidade. Na coletiva à imprensa, o diretor respondeu à pergunta do SBT News sobre como ele também tentou equilibrar o enredo para que fosse ao mesmo tempo, emocionante e preciso com os dados históricos.

"Isso era uma constante, a precisão histórica. Você pode ter um ritual e filmá-lo da maneira como ele deve ser, mas pode ter sido ligeiramente diferente na época. Tivemos muito apoio da autoridade Osage, dos especialistas. Com eles testamos a precisão dos rituais, o batismo de bebês, o casamento, os funerais. Em alguns casos, havia espaço de manobra porque, honestamente, eu acho que as duas últimas gerações de Osage esqueceram ou foram retiradas de sua experiência porque eles tinham que se tornar como os europeus brancos, cristãos, católicos, seja o que for. E assim todos eles estavam aprendendo novamente e reconstruindo sua cultura através deste filme e nós estávamos indo com eles". 

No auge aos 80

Na poltrona, enquanto nos deliciamos com cenas perfeitas, é impossível não passar pela cabeça outros tantos filmes do diretor como "Taxi Driver" (1976), "Bons Companheiros" (1990). Agora, aos 80 anos (completa 81 em novembro) nos brinda com tanta delicadeza e lucidez. A trilha (de Robbie Robertson, morto em agosto) - cheia de música e silêncio, dá o tom perfeito à fotografia (Rodrigo Prieto), em ritmo perfeito com a montagem e edição.

Esse é o 21º longa-metragem de Martin Scorsese com a editora Thelma Schoonmaker, a parceria entre eles já dura sete décadas e Thelma, que tem 83 anos, é a única mulher a receber três Oscars na categoria de edição, todos com filmes do diretor ("Touro Indomável", "O Aviador" e "Os Infiltrados").

Scorsese disse que tentou equilibrar a história da criação do FBI com a da comunidade | Divulgação/Apple TV+

Tanto DiCaprio, quanto De Niro e Lily Gladstone aprenderam a falar o idioma Osage para o filme. Jesse Plemons também está na trama e interpreta o agente do FBI, Tom White. E, um alerta: aguarde os 10 minutos finais, um grande presente para fechar com chave de ouro essa história que ressoa em todos os países que tiveram histórias de colonização similares.

"É uma história de cumplicidade, uma história de pecar por omissão, de cumplicidade silenciosa em certos casos", resume o cineasta.

O filme foi baseado no livro "Assassinos da lua das flores: Petróleo, morte e a origem do FBI", de David Grann e, em breve, estará disponível no Apple TV+.

Assista ao trailer logo abaixo:


 

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