Níger aumenta tensão com governo Macron após exigir saída de embaixador francês
Paris alegou que junta militar não têm autoridade para fazer pedidos já que não é legítima
Camila Stucaluc
A junta militar do Níger, que tomou o poder do país no fim de julho, exigiu a saída do embaixador francês, Sylvain Itté, em até 48 horas. Na ordem, enviada à Paris na 6ª feira (25.ago), os militares alegaram que o diplomata recusou-se a participar de uma entrevista com o grupo, além de apresentar interesses contrários à atual gestão do Níger.
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A ação foi refutada pelo governo de Emmanuel Macron, aumentando a tensão entre os países. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores francês rejeitou a exigência, alegando que "os golpistas não têm autoridade, pois que o credenciamento do embaixador emana apenas das autoridades legitimamente eleitas do Níger".
Este não é o primeiro impasse diplomático entre o governo nigerino e a nação colonizadora. Na última 4ª feira (23.ago), Macron voltou a pedir a "restauração da ordem constitucional" no Níger e a libertação do presidente capturado Mohamed Bazoum. "Este golpe de Estado é um golpe contra a democracia no Níger, contra o povo do Níger e contra a luta contra o terrorismo", disse.
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Com isso, a junta militar suspeita que a França apoie a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) no plano de intervenção militar no Níger. A ação poderia deixar o cenário na África Ocidental ainda mais tenso, uma vez que as juntas militares de Burkina Faso e Mali já alertaram que qualquer intervenção será considerada "declaração de guerra".