Vamos conhecer uma ilha mágica e visitar o templo da deusa Ísis
Conheça o templo de Ísis que foi transferido pedra por pedra depois de 80 anos submerso no Nilo
Maria Paula Carvalho
Para chegar ao templo de Ísis, pegamos um barco em direção a uma pequena ilha do rio Nilo. Prepare-se para conhecer uma pérola do Sul do Egito. No episódio de hoje, a jornalista Maria Paula Carvalho conta mais uma linda história da mitologia egípcia.
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Prepare-se para conhecer o templo de Ísis, mãe de Horus, esposa de Osíris, o seu próprio irmão. No Egito, ela é conhecida como uma deusa maternal, a deusa da magia e uma das mais reverenciadas até hoje.
Olhando o templo do barco, você diria que a construção sempre esteve ali, pela eternidade. Mas não é bem assim. E a história curiosa desse lugar surpreende os turistas.
O Templo de Ísis é um dos mais belos e conservados do Egito. O santuário é decorado com ilustrações de reis e divindades. Como outros na região, exalta a bravura do faraó, o grande guardião do Egito, como mostram cenas que decoram o lugar.
O templo ganhou destaque durante a dinastia Ptolomaica. Mas o culto de Ísis transcende as fronteiras do Egito, tendo chegado aos gregos e romanos.
O templo tem a mesma arquitetura e plano dos templos egípcios, como temos visto ao longo dessa viagem ao sul do Egito: uma grande esplanada, os pilones centrais, um pátio e, ao final, o espaço sagrado.
Diz a lenda que foi nesse lugar que Ísis veio chorar a morte de seu marido, Osíris. Antigo faraó, célebre e poderoso, ele era irmão de Seth, invejoso, que queria tomar o seu lugar. E organizou um complô contra o irmão. Ele mandou fabricar um sarcófago do tamanho de Osíris e criou um desafio de quem caberia no objeto. Muitos fracassaram e na vez de Osíris, ele foi trancado lá dentro e jogado no Nilo. Ísis, com suas asas, encontra o sarcófago. E o esconde. Mas Seth descobre e corta o corpo do rei em muitos pedaços que foram jogados no rio Nilo. Ísis passa anos para recuperar todas as partes do defunto marido e cola tudo.
Ísis é a maternidade encarnada. A deusa do amor e da fertilidade.
O santuário em sua homenagem foi um dos últimos remanescentes, onde a antiga religião se manteve depois que o cristianismo chegou ao Egito, tendo sido fechado oficialmente apenas em 550 dC.
No período Bizantino, o templo de Ísis foi transformado em igreja. O que explica a desfiguração de algumas imagens antigas, pois os cristãos removiam cenas pagãs de seus santuários. Também é por isso que há textos em grego e cruzes gravadas nas paredes.
O complexo de Ísis reúne construções de todas as épocas. E às vezes é mesmo difícil de entender o lugar. O templo de Trajano, por exemplo, com suas colunas, foi mandado construir pelo imperador romano e nunca foi acabado.
Os soldados de Napoleão também deixaram uma marca de sua passagem com textos gravados nas pedras.
Quando a grande barragem do Nilo ameaçava o templo de Ísis, ele teve que ser cortado pedra por pedra, em 40 mil blocos e levado para a ilha vizinha de Agilkia, que acabou sendo rebatizada com o nome da ilha anterior, Philae. E a impressão é de voltar 3.000 anos no tempo.
À noite, um espetáculo de luz e som transforma a atmosfera do lugar. O ambiente das ruínas da ilha, iluminadas por holofotes, é difícil de descrever. Contudo, esta é certamente uma maneira de desfrutar de uma noite mágica em Assuã. E o visitante pode admirar ainda mais os detalhes dos relevos. E se apaixonar pela história de amor entre Ísis e seu amado Osíris.