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Empresário preso por morte de brasileira diz que tentou evitar queda

SBT News teve acesso à carta enviada pelo suspeito para a família de Emmily Rodrigues

Empresário preso por morte de brasileira diz que tentou evitar queda
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Buenos Aires - No último dia 30 de março, a brasileira Emmily Rodrigues Santos Gomes, de 26 anos, foi encontrada pelada- ainda com vida - no vão interno de um prédio depois de cair do 6º andar de um edifício da Recoleta, bairro nobre de Buenos Aires, capital da Argentina. Emmily foi socorrida, mas morreu a caminho do hospital.

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O caso está sendo investigado pela Justiça sob duas hipóteses: suicídio ou homicídio. Emmily pode ter pulado ou sido empurrada através da janela do quarto principal do apartamento de Francisco Sáenz Valiente, um empresário de 52 anos, dedicado ao agronegócio e à mineração.

Suspeito de ter sido o autor de um crime, Sáenz Valiente está preso numa delegacia do bairro portenho de Barracas. De lá, ele escreveu uma carta à família de Emmily. Nela, o empresário pede desculpas pela morte e diz que tentou evitar que a brasileira pulasse da janela.

O SBT News teve acesso à carta escrita por Francisco. Leia abaixo:

"Lamento muito o acidente da sua filha. Fiz tudo o que foi possível para evitar que pulasse pela janela. Foi tragédia e liguei duas vezes para pedir ajuda à polícia. Usei toda a minha força para salvá-la. Daqui da prisão, envio-lhes enormes condolências. Espero que se esclareça a minha inocência", lamenta Francisco, nas suas primeiras palavras públicas desde a morte.

Na conversa com o SBT News, o advogado Rafael Cúneo Libarona, defensor de Francisco Sáenz, disse que a carta foi anexada ao processo com a intenção manifesta de chegar aos pais de Emmily. Na Argentina, um homicídio de um homem contra uma mulher é classificado como feminicídio, um crime de pena perpétua.

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"O meu cliente e a sua família estão muito mal. Igual à Emmily e a família dela. Essa é uma tragédia para duas famílias. Claro que lamentamos que a Emmily tenha falecido. Não há retorno. E, por isso, Valiente escreveu uma carta lamentando a situação e explicando que não conseguiu segurar Emmily", afirma Cúneo Libarona.

Segundo o advogado, Emmily usava uma calça jeans larga, aberta nas laterais. Não usava roupa íntima. Na tentativa de contê-la, a calça teria arrebentado, saindo do corpo de Emmily.

"Ele ligou duas vezes para a Polícia, pedindo que fossem urgentemente ao apartamento. Infelizmente, ela escapou das mãos. A calça saiu e ela pulou. Foi uma tragédia que o povo argentino lamenta muito porque somos países irmãos", descreve o defensor.

Testemunhas contam que Emmily já tinha tirado a blusa, ficando seminua com os seios de fora, durante a reunião no apartamento. Essa atitude teria sido consequência do calor provocado pelo consumo de cocaína rosa. A brasileira já tinha tirado os sapatos. As três testemunhas garantem que não houve sexo nem insinuações sexuais.

Família rebate Francisco

O SBT News também entrevistou o advogado Ignacio Trimarco, quem defende a família da vítima. Segundo Trimarco "as circunstâncias para que Emmily terminasse nua, caída no chão, são bastante confusas". "Nós consideramos que não foi isso o que ocorreu. Essa versão de que a calça saiu é uma mera tentativa da defesa de amenizar a suposta responsabilidade de Francisco Sáenz Valiente no caso", afirma.

Ignacio Trimarco também discorda da versão da defesa de que não houve relações sexuais no apartamento, horas antes do ocorrido. Segundo o advogado, foram encontrados preservativos usados. O material genético está em análise. "É falsa essa informação. Não havia preservativos usados. Não houve sexo", rebate o advogado Cúneo Libarona.

"Pode ser que um abuso sexual tenha acontecido através do uso de drogas e que, num momento, a vítima tenha recuperado o seu estado de consciência e percebeu o que estava acontecendo. Começou a gritar, pedindo socorro e, infelizmente, termina jogada de um sexto andar", interpreta Trimarco.

Testemunhas

Emmily Gomes foi apresentada ao empresário por outra brasileira, Juliana Mourão. Logo que saiu do apartamento e viu a cena, Juliana disse à Polícia que não conhecia a jovem. Por isso, no registro da ocorrência inicial, o corpo de Emmily aparecia como NN, sigla usada para vítimas sem identificação.

Juliana e outras duas testemunhas, que se retiraram do apartamento antes da morte, prestaram esclarecimentos à Promotoria nesta semana: a cubana Dafne Santana e a argentina Lía Alves. Todas apresentaram versões semelhantes à do empresário Francisco sobre as circunstâncias do ocorrido: Emmily teria tido um surto depois de misturar bebida alcoólica, maconha, cocaína e cocaína rosa.

O advogado da família da brasileira morta aponta que o comportamento de Juliana é, no mínimo, contraditório.

"Supostamente, Juliana é uma amiga que leva a Emmily à casa desse empresário, mas quando a amiga dela, segundo o seu relato, tem um acidente e cai no vão do prédio, ela não presta socorro nem fornece o nome da Emmily", descreve Ignacio Trimarco.
Juliana Magalhães Mourão aparece como integrante da Diretoria de empresas de Francisco Sáenz Valiente.

Ligação para a emergência

Francisco Sáenz Valiente afirma que ligou para a Polícia duas vezes. Três minutos separam a primeira ligação da segunda. Cinco minutos depois da segunda ligação, Emmily caiu. Na primeira ligação, o empresário disse que Emmily estava "alterada como se estivesse possuída". Ao fundo dos áudios, ouve-se Emmily aos gritos, pedindo socorro à Polícia.

Já Ignacio Trimarco, advogado da família da modelo, garante que "uma pessoa num surto psicótico não pede socorro à Polícia".

Ao SBT News, uma das amigas de Emmily contou que ela não se drogava. Segundo o relato de Brenda, "em um evento, ela podia tomar duas taças de espumante e consumir maconha, uma ou duas pitadas numa roda de amigos".

Por sua vez, o advogado defensor do acusado, explica que "as provas que estão no processo dizem que ela bebia álcool. No perfil dela no Instagram, há pelo menos dez fotos dela bebendo álcool. Por um lado, as amigas dizem que não, mas as testemunhas no processo dizem que sim", contesta Cúneo Libarona.

O resultado do exame toxicológico só deve ficar pronto dentro de três semanas.

Lesão antes da queda?

Das 27 lesões no corpo de Emmily, a autópsia identificou a de número 18 como não necessariamente consequente da queda. Trata-se de uma lesão no tórax ao ser pressionado contra uma superfície, que coincide com a altura do peitoril da janela da qual Emmily caiu.

"É um indício de que Emmily resistiu. Foi uma manobra de defesa. Significa que na pele há marcas de fricção na superfície como se tivesse sido arrastada", aponta o advogado Ignacio Trimarco.

Próximos passos

Francisco Sáenz Valiente e Juliana Magalhães Mourão estavam no apartamento no momento da queda, mas Juliana é testemunha enquanto Francisco está preso. O advogado Cúneo Libarona acredita que o seu cliente esteja preso enquanto Juliana está em liberdade devido ao fato de as drogas pertencerem a Francisco, embora, na Argentina, o consumo pessoal não seja delito.

Na próxima segunda-feira (17), ele vai pedir a liberdade de seu cliente. E espera que ele seja solto a partir de quarta-feira (19).

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