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Brasileiros levam samba e bossa nova para os Emirados Árabes

"A gente não entende, mas a música de vocês é contagiante"

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Grupo Soul
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ABU DHABI -- Um domingo de tarde com um típico samba brasileiro ao som de cavaquinho, violão, repique, reco-reco, pandeiro e tan-tan. A cena, comum para muitos brasileiros, se repete em Dubai a mais de 12 mil quilômetros de distância do Brasil.

Os responsáveis pelo samba são os integrantes do grupo musical Soul Brasil, uma união de amigos expatriados que vivem nos Emirados Árabes Unidos. O grupo afirma que o objetivo é "levar alegria aos residentes e visitantes do país árabe através da música brasileira". A banda ainda clama o título de ser o primeiro grupo musical a trazer o samba e o pagode ao país do Golfo.

 Apresentação do Grupo Soul em Dubai| Arquivo pessoal

A formação do conjunto veio por acaso em 2019. Os integrantes faziam música em diferentes partes do Brasil. Mas foi nos Emirados Árabes Unidos que eles se conheceram após um convite para tocar em uma festa de maneira improvisada. Depois de alguns ensaios e da chegada de novos integrantes, o grupo Soul Brasil se afinou e não parou mais. E garantem: a energia é a mesma de tocar no Brasil.

"Para mim é uma honra", afirma Makson da Silva Silvério, de 39 anos, que está à frente do cavaquinho. Ele saiu de Ceará-Mirim, no Rio Grande do Norte, há seis anos e hoje é professor de jiu-jitsu em Dubai.

Makson da Silva Silvério | Arquivo pessoal

Com empolgação, o potiguar destaca que os estrangeiros se sentem atraídos pela música brasileira nos Emirados. "A gente toca e as pessoas vão passando e param para entender. E não ficam contentes em só olhar, eles pagam a entrada e vão curtindo. Eles falam: a gente não entende o que vocês estão cantando, mas a música de vocês é contagiante", diz o brasileiro.

Após ganhar a atenção do público, o que era apenas um hobby se tornou profissional. A banda Soul Brasil, formada nos Emirados Árabes Unidos, foi agenciada e já recebeu convites para tocar em outros países do Golfo, como Arábia Saudita, Omã e Qatar. Fora da região, o grupo foi convidado até para se apresentar na Alemanha.

Com uma agenda de shows agitada, Silvério relembra duas apresentações especiais: uma para o ex-craque do futebol Ronaldinho Gaúcho e outra, em Dubai, durante a transmissão dos jogos da Copa do Mundo de 2022. "Foi marcante. Estavam todos os brasileiros se reunindo para torcer e estávamos abrindo antes dos jogos, fazendo o show e tocando para 500 pessoas", afirma o músico.

Apesar da distância do Brasil, Makson da Silva Silvério se sente realizado com a vida nos Emirados Árabes Unidos. Ele começou no jiu-jitsu aos 14 anos, mas foi depois da vida em Dubai que a carreira e vida mudaram. Nos Emirados, ele chegou a se casar, teve uma filha e realizou apresentações da arte marcial de autodefesa para presidentes de outras nações.

"Eu me sinto abençoado em poder viver através das duas coisas que eu amo, o jiu-jitsu -- que me trouxe até aqui -- e, sempre em paralelo, eu trabalhei com a música. As duas coisas que mais amo, eu consigo fazer aqui no país, ser bem recompensado e ter uma vida digna e dar conforto à minha família", conclui o potiguar.

A voz brasileira nos Emirados Árabes Unidos

Amante da música genuinamente brasileira, Midian Almeida canta e encanta em solo emiradense. Somente nos últimos quatro anos, a brasileira, de 47 anos, já se apresentou nos hotéis mais luxuosos dos Emirados Árabes Unidos, incluindo o icônico Burj Al Arab em Dubai, onde tocou bossa nova e jazz brasileiro ao público.

Midian Almeida, cantora | Divulgação

Com um repertório diverso, a brasileira canta em inglês, espanhol e, claro, português. O set list dos shows também é variado com músicas do rock, pop, forró, samba e até axé.

Atualmente, Midian é a única cantora profissional brasileira nos Emirados Árabes Unidos. "Eu sei que estão chegando mais pessoas. Acho que isso é positivo porque contempla várias pessoas da nossa comunidade, mas poderia ter mais", diz a profissional sobre o mercado local para músicos vindos do Brasil.

A brasileira é de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, mas há oito anos, vive nos Emirados Árabes Unidos com o marido e os filhos na cidade de Al Ain, que faz fronteira com Omã. Midian tem a missão de apresentar aos emiradenses a autêntica bossa nova. Uma dessas oportunidades foi durante a Expo 2020, em que ela foi a cantora oficial do pavilhão do Brasil no evento. "Eu tive como mostrar a música brasileira em um lugar onde estavam pessoas de mais de 170 países. Então, foi muito mágico apresentar o Brasil musicalmente com samba e bossa nova, que são patrimônios nacionais", relembra a brasileira.

Com a grande receptividade do público local e de estrangeiros que vivem nos Emirados, Midian, que tem também é guitarrista, vê um futuro promissor para os profissionais do meio artístico que moram no país do Golfo. Prestes a completar 30 anos de carreira, ela nem pensa em deixar o país. "Eu pretendo continuar trabalhando aqui. O país é um lugar em que somos bem valorizados, não só financeiramente, mas também como artista. E quero construir essa identidade da música brasileira com o público", completa a artista.

Apesar da saudade da família que vive no Brasil, a cantora gaúcha ressalta os benefícios que a levaram a morar nos Emirados Árabes Unidos: a oportunidade de dar uma vida melhor aos filhos e a segurança da nação, que é considera por diversos rankings uma das seguras do mundo.

Além das questões pessoais, a vida nos Emirados vem acompanhada de um privilégio, segundo Midian: o de representar o Brasil por meio de arte. "Eu me orgulho muito do Brasil na questão cultural. Então, faço questão de fazer bem feito e eu tenho uma responsabilidade muito grande com esse meu papel aqui nos Emirados Árabes", completa a cantora gaúcha, orgulhosa de seu sucesso no país do Golfo.

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