Espanhola sai de caverna após isolamento de 500 dias
Atleta Beatriz Flamini topou participar de experiência que queria registrar repercussão física e mental do isolamento humano
AFP
Uma atleta espanhola que passou 500 dias isolada em uma caverna, a 70 metros abaixo do solo, sem contato direto com o exterior nem luz natural, saiu nesta 6ª feira (14.abr) do local e afirmou que a experiência foi "excelente, insuperável".
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"Estou há um ano e meio sem falar com ninguém, só comigo mesma", disse Beatriz Flamini aos jornalistas depois de sair, com a ajuda de espeleólogos, de uma caverna que fica a 10 quilômetros de Motril, no sul de Andaluzia (Espanha).
Flamini estava com livros, luz artificial e câmeras para gravar a experiência, mas não tinha telefone nem instrumentos para controlar o tempo. Ela teve o apoio de uma equipe técnica que deixava comida em um ponto da caverna sem contato com a atleta.
"Eu não sei o que aconteceu no mundo (...) continua sendo 21 de novembro de 2021", disse, ao mencionar o primeiro dia que passou na caverna. "E ao ver todos vocês com máscara, para mim ainda é (pandemia de) covid-19", acrescentou Flamini, de 50 anos, em referência aos jornalistas, que usavam máscaras por segurança.
"Desafios deste tipo já aconteceram muitos, mas nenhum com todas as premissas deste: sozinha e em total isolamento, sem contato com o exterior, sem luz (natural), sem referências de tempo", disse David Reyes, da Federação Andaluz de Espeleologia, que coordenou a segurança de Flamini.
A experiência, que será tema de um documentário da produtora espanhola Dokumalia, tinha como um dos objetivos registrar a repercussão mental e física de um isolamento como este.
"Foi uma prova de resistência extrema", disse o ministro do Turismo, Héctor Gómez, que espera que o "teste tenha grande valor científico".
"Houve momentos difíceis e é verdade que aconteceram momentos muito bonitos e ambos foram os que me levaram a cumprir o objetivo", disse em uma entrevista coletiva a atleta, que já havia enfrentado períodos de isolamento em montanhas.
Flamini disse que nunca pensou em abandonar a missão, nem mesmo quando enfrentou uma invasão de moscas na caverna. Ela disse que dedicou seu tempo "a ler, escrever, desenhar, tricotar, ser, aproveitar".
"Não falei comigo mesma em voz alta, as conversas que tive, eu tive de maneira absolutamente interna", afirmou.
"Eu me dou muito bem comigo mesma", acrescentou, sorridente.