Ex-presidente do Kosovo começa a ser julgado por crimes de guerra
Hashim Thaçi, que também foi líder do Exército de Libertação do Kosovo na guerra contra a Sérvia, é acusado de pelo menos 100 assassinatos
Começou nesta 2ª feira (3.abr) em um tribunal especial de Haia, na Holanda, o julgamento do ex-presidente do Kosovo Hashim Thaçi, acusado de crimes de guerra e crimes contra a humanidade durante a guerra de independência (1998-1999) contra forças sérvias
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Ex-guerrilheiro do Exército de Libertação de Kosovo, Thaçi é responsabilizado ao lado de outros três suspeitos por quase 100 assassinatos, desaparecimento forçado, perseguição e tortura, pelo Tribunal Especial para o Kosovo (KSC).
Todos se declaram inocente e receberam o apoio de kosovares. A maioria da população considera o julgamento uma injustiça e uma tentativa de reescrever a história de sua luta pela independência.
Denunciado em 2020, Hashim Thaci renunciou ao cargo de presidente que ocupava desde 2016 para enfrentar as acusações. Ele está preso desde então em um centro de detenção em Haia.
O julgamento deve ser longo e pode durar mais de um ano. Promotores envolvidos no caso afirmaram que precisariam de dois anos para apresentar todas as evidências.
O que aconteceu?
Com uma população majoritariamente albanesa, o Kosovo era uma província da Sérvia até 1998, quando albaneses se rebelaram contra o governo de Belgrado em uma guerra civil marcada pela brutalidade do exército sérvio. Estima-se que 13 mil pessoas morreram no conflito, a maioria delas de etnia albanesa.
A guerra só terminou após uma campanha aérea da OTAN de 78 dias, em 1999, que forçou as tropas sérvias a recuarem. Em 2008, Kosovo declarou sua independência da Sérvia, um movimento que Belgrado se recusa a reconhecer.
Os Estados Unidos e a maioria do Ocidente reconhece a independência, mas a Sérvia -- apoiada pelos aliados Rússia e China -- não.
Thaçi e os outros réus tinham posições de liderança na milícia que se rebelou e liderou a rebelião albanesa.
* Com informações da Associated Press