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Intensidade do tremor e "fator surpresa" escalou tragédia na Síria e Turquia

Entenda o que leva à ocorrência de terremotos na região e porque eles não atingem o Brasil

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O tremor, de magnitude 7.8 na escala Richter, aconteceu a uma profundidade de 18 quilômetros, nesta 2ª feira (06.fev). Os estragos atingiram dezenas de cidades na Síria e na Turquia, e deixaram mais de 3.400 pessoas morreram. 

A combinação do tremor forte, perto da superfície, e durante a madrugada, aumentou o potencial destrutivo. "As pessoas não estavam preparadas para isso, pegou todo mundo de surpresa, 04 horas da manhã, todo mundo dormindo em suas casas, e um tremor de uma magnitude muito elevada, e uma profundidade muito rasa. Esse conjunto aí fez com que esse tremor fosse devastador", pondera o geólogo da USP, Bruno Collaço.

O mesmo cenário de pânico foi descrito pelo empresário e chef de cozinha Bassem Koussa, cujos familiares vivem em uma das regiões da Síria mais impactadas pelos tremores.

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"A gente não está acostumado com esse tipo de acidente natural. Para eles foi um terror. Imagina, você está dormindo e, do nada, a cama está mexendo, tudo está mexendo em casa, escutando vidro caindo, quebrando. Ainda aconteceu no momento em que todo está dormindo, no meio da madrugada, ninguém entendeu o que estava acontecendo", ele relata.

Bassem destaca que este não foi o primeiro abalo sísmico a atingir o país, mas que, em outras ocasiões, a população e o governo local estavam preparados para minimizar os danos.

"Aconteceu muito de surpresa. Acho que esses prejuízos que eles estão tendo agora são mais por conta da surpresa do que do próprio acidente. Aconteceu antes, uma vez, mas foi muito leve, ninguém sentiu nada. E já tinha aviso antes, horas e horas antes: 'gente, vai ter isso, todo mundo saiam das casas'. O governo conseguiu controlar de forma melhor", ele conta. "Por isso, desta vez, tem muito prejuízo físico... de lugares, e também prejuízo de pessoas mortas".

Os terremotos ou abalos sísmicos são provocados pelo movimento das chamadas placas tectônicas - gigantescos blocos de rocha, que cobre toda a extensão do planeta. O Brasil está localizado sobre uma dessas placas, a sul-americana, e está no meio dela. Não há registros de terremotos de grande magnitude no país porque eles acontecem nas extremidades, no encontro entre duas ou mais placas.

Já a Turquia e a Síria ficam entre três delas: a Euroasiática, a Anatólia e a Arábica. O atrito entre duas, a Arábica e a Anatólia, causou o terremoto. "[o que significa 7,8 graus na escala Richter?] Olha, para vocês terem uma ideia, um tremor de magnitude 6 é equivalente à energia liberada de uma bomba atômica. Então, a gente está falando de um tremor mais forte ainda", explica o geólogo Bruno Collaço.

Além da intensidade do fenômeno, o empresário Bassem Koussa lembra que o país já enfrenta problemas de infraestrutura, há algum tempo, devido a conflitos internos, e que a região norte da Síria - a mais afetada pelo terremoto - é também a que mais sofre com a falta de serviços como energia elétrica e saneamento básico.

"Essa região na Síria é uma das últimas regiões que se curou do conflito que tinha na Síria. Então, ainda estão em uma situação já descontrolada um pouco, e ainda estão nessa situação, então, acho que para o governo sírio sozinho vai ser difícil controlar a situação", afirma Bassem, destacando que países vizinhos já têm se comprometido a enviar ajuda humanitária à Síria.

"A gente já está com um pouco de dificuldade nessas coisas... luz... por conta da guerra, né?! Na guerra, ficou muito difícil, a gente começou a economizar muito energia elétrica; as pessoas já recebem energia 2 horas por dia, no máximo. Então, ainda com isso... meus pais, chegou para mim a notícias às 11 horas da noite, e eu consegui falar com eles às 08 horas da manhã. Ficaram muito tempo sem internet", ele acrescenta.

As imagens da destruição abalaram a comunidade árabe no Brasil. A maioria vive na capital paulista. Diante da falta de informações de parentes que estão nas regiões mais atingidas, muitos buscam uma maneira de voltar à terra natal e ajudar no socorro aos feridos.

O comerciante sírio Umut Eker ia participar de um congresso em Istambul, cancelado por causa do desastre. Porém, ele pretende viajar ao país de qualquer forma. "Eu vou, talvez eu ajudando em alguma coisa, talvez alguma coisa, eu não sei, mas eu decidi, vou lá. Todo mundo triste, todo mundo tentando ajudar com alguma coisa lá".

O sheik da Mesquita Brasil, em São Paulo, afirmou que a comunidade está se mobilizando para ajudar as vítimas do terremoto. "Nós temos parentes, familiares lá, tanto na Turquia quanto na Síria, então, realmente, foi uma notícia muito triste que recebemos, quase não dormimos. Estamos conversando o que podemos fazer", diz o sheik Mohamad Al Bukai.

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