Mundo bate recorde de jornalistas presos em 2022; mortes chegam a 57
Repórteres sem Fronteiras diz em relatório, ainda, que região das Américas é a mais perigosa para imprensa
Emanuelle Menezes
Um levantamento divulgado nesta 4ª feira (14.dez) pela organização Repórteres sem Fronteiras mostrou que 533 jornalistas foram presos em 2022, em todo o mundo. O número de detenções bateu o recorde desde que a ONG passou a contabilizar esses dados, em 1995, e é 13,4% maior do que o de 2021.
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O relatório dos Repórteres sem Fronteiras também registrou que 57 jornalistas ou colaboradores da mídia foram mortos entre 1º de janeiro e 1º de dezembro de 2022. Os dados aumentaram 18,8% em relação ao ano passado, quando 48 profissionais foram assassinados. Para a organização, a guerra entre Rússia e Ucrânia é uma das causas desse aumento, com o número de jornalistas mortos em zonas de conflito chegando a quase 35% do total.
Quase metade dos profissionais de imprensa foram assassinados nas Américas: 47,4% do total. "Com 27 mortos, a região das Américas apresentou o maior número de jornalistas assassinados em 20 anos", disse o levantamento da ONG.
O México, com 11 jornalistas mortos, o Haiti, com seis, e o Brasil, com três, contribuem para tornar a região a mais perigosa do mundo para os jornalistas.
Entre as mortes registradas no Brasil, estão incluídas a do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, que é classificado pela organização como um colaborador da mídia. Eles documentavam a luta de tribos indígenas da Amazônia contra a caça ilegal, o garimpo e a extração ilegal de madeira, quando foram assassinados e esquartejados, em junho deste ano.
Dos mortos em todo o mundo, quase 80% foram intencionalmente visados por causa da profissão e dos temas em que estavam trabalhando. O crime organizado e a corrupção estão entre os temas mais perigosos de se cobrir. Em seguida vêm as coberturas de protestos e eleições e as investigações relacionadas a crimes ambientais.
Entre os presos, está na China a maior concentração de profissionais de imprensa detidos: são 110. No Irã, onde protestos pela morte da jovem Mahsa Amini tomam as ruas há mais de três meses, 47 jornalistas foram presos, fazendo do país a terceira maior prisão do mundo para profissionais da informação.
"Regimes ditatoriais e autoritários estão enchendo rapidamente suas prisões com jornalistas. Esse novo recorde do número de jornalistas detidos confirma a imperiosa e urgente necessidade de resistir a esses governos sem escrúpulos e de exercer a nossa solidariedade ativa com todos aqueles que promovem o ideal de liberdade, independência e pluralismo da informação, afirmou o secretário-geral dos Repórteres sem Fronteiras Christophe Deloire.
O balanço também traz a informação de que pelo menos 65 jornalistas e colaboradores da mídia estão sendo mantidos reféns em todo o mundo. Outros dois jornalistas também desapareceram em 2022, elevando para 49 o número de profissionais da imprensa desaparecidos atualmente.
O relatório pode ser lido na íntegra aqui.