Vencedores do Nobel da Paz dizem que Ucrânia não pode baixar as armas
Prêmio foi entregue a duas ONGs e um defensor dos direitos humanos
Guilherme Resck
Na cerimônia de premiação do Nobel da Paz deste ano, realizada neste sábado (10.dez) em Oslo, capital da Noruega, os vencedores fizeram críticas ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, e afirmaram que para conseguir a paz, a Ucrânia não pode baixar as armas.
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O prêmio foi entregue ao defensor dos direitos humanos Ales Bialiatski, de Belarus, à organização russa Memorial e à entidade ucraniana Centro para as Liberdades Civis. A representante desta na cerimônia, Oleksandra Matviichuk, disse que "lutar pela paz não significa ceder à pressão do agressor, significa proteger as pessoas de sua crueldade", rejeitando, assim, a ideia de que a Ucrânia deveria aceitar acatar pedidos de um acordo político que permitiria à Rússia anexar definitivamente territórios ucranianos anexados ilegalmente pelos russos. "A paz não pode ser alcançada por um país sob ataque depondo as armas". "Isso não seria paz, mas ocupação", complementou.
Ela fez um apelo ainda para que o presidente russo e o de Belarus, Alexander Lukashenko, sejam julgados em um tribunal internacional; o segundo líder forneceu o território belarusso para que as tropas russas invadissem a Ucrânia a partir dele.
Ales Bialiatski, por sua vez, não pôde participar da cerimônia e foi representado nela pela esposa, Natallia Pinchuk. Isso porque está preso em Belarus, aguardando julgamento. Ele não foi autorizado a enviar discurso, mas compartilhou pensamentos com a esposa quando ela o visitou na prisão, e a mulher fez a leitura no evento deste sábado.
"Na minha terra natal, toda a Bearus está em uma prisão", afirmou Bialiatski. Ele se referia à repressão aos opositores do governo, iniciada após a ocorrência de protestos contra uma votação fraudada, em agosto de 2020, que Lukashenko utilizou para estender seu mandato de presidente. "Este prêmio pertence a todos os meus amigos defensores dos direitos humanos, todos os ativistas cívicos, dezenas de milhares de belarussos que passaram por espancamentos, tortura, detenções, prisão", pontuou Bialiatski, na mensagem lida pela esposa.
Ele chamou o líder belarusso de ferramento de Putin e disse que este está tentando dominar as ex-terras soviéticas. Além disso, afirmou: "Eu sei exatamente que tipo de Ucrânia se adequaria à Rússia e a Putin - uma ditadura dependente. O mesmo que a Belarus de hoje, onde a voz do povo oprimido é ignorada e desconsiderada".
O Memorial foi representado por Jan Rachinsky na cerimônia. De acordo com ele, "o triste estado atual da sociedade civil na Rússia é uma consequência direta de seu passado não resolvido". Ele divergiu de Matviichuk em um ponto: Rachinsky rejeitou de forma veemente a ideia de "culpa nacional" da Rússia na guerra, mas a representante do Centro para as Liberdades Civis declarou que o "o povo russo será responsável por esta página vergonhosa de sua história [o conflito] e seu desejo de restaurar com força o antigo império".
**Com informações da Associated Press
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