ONU expressa preocupação com aumento de protestos e violência no Irã
Porta-voz criticou uso da força contra manifestantes e pediu restabelecimento da internet no país
A porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, expressou preocupação com a violência nos recentes protestos no Irã. Em declaração, a diplomata também criticou as restrições impostas pelo governo, como a suspensão das linhas de telefone, internet e plataforma de mídias sociais.
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"Estamos extremamente preocupados com os comentários de alguns líderes que difamam os manifestantes, e pelo aparente uso desnecessário e desproporcional da força contra os manifestantes. Armas de fogo nunca devem ser usadas simplesmente para dispersar uma assembleia, apenas em casas de ameaça iminente", disse Shamdasani.
Ela afirmou ainda que, com as restrições às telecomunicações, é difícil estabelecer o número preciso de vítimas e prisões. A mídia estatal, por exemplo, confirmou 41 mortos nas manifestações, enquanto organizações não governamentais apontam para 76 óbitos, incluindo crianças. Os casos foram registrados em ao menos 11 províncias.
"Relatos indicam que centenas também foram presos, incluindo defensores dos direitos humanos, advogados, ativistas da sociedade civil e pelo menos 18 jornalistas. Somente na província de Gilan, o chefe de polícia disse que 739 pessoas foram presas, incluindo 60 mulheres durante três dias de protestos", contou a porta-voz.
Shamdasani pediu às autoridades iranianas que garantam os direitos ao devido processo legal e libertem todos aqueles que foram detidos. Outra solicitação foi em relação ao restabelecimento da internet e ao respeito aos direitos à liberdade de opinião e expressão da população.
Entenda
Os protestos no Irã acontecem há mais de uma semana e exigem esclarecimentos sobre Mahsa Amini, que morreu sob custódia policial após ter sido detida por usar o hijab - véu obrigatório no país - incorretamente, deixando partes do cabelo à mostra. Apesar da polícia afirmar que o óbito foi causado por um "ataque cardíaco repentino", a família da jovem, assim como boa parte da população, acredita que ela foi torturada.
Agora, além de pedir explicações sobre a morte de Mahsa Amini, a população pede que o uso obrigatório do hijab seja suspenso no país, bem como a discriminação e violência contra as mulheres.
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