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ONU: China pode ter cometido crimes contra a humanidade em Xinjiang

Michele Bachellet se despede da ACNUDH com relatório histórico sobre abusos sistemáticos de Pequim contra membros da etnia uigur

ONU: China pode ter cometido crimes contra a humanidade em Xinjiang
Muçulmanos da etnia uigur
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Um relatório divulgado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), na noite de 4ª feira (1ºset), acusa a China de cometer "graves violações dos direitos humanos" na provincia chinesa de Xinjiang, onde, segundo grupos de Direitos Humanos, Estados Unidos, e alguns países ocidentais, ocorre o genocídio de grupos minoritários majoritariamente muçulmanos, sobretudo da etnia uigur, sob o disfarçe de uma campanha antiterrorismo de Pequim. 

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Eles acusam a China de prender mais de um milhão de uigures, cazaques e membros de outros grupos minoritários em campos de reeducação; trabalho forçado; obrigar mulheres da região a se submeterem a medidas contraceptivas; e separação de famílias. O país asiático sempre negou as acusações, sustentando que as políticas foram destinadas a desradicalizar pessoas influenciadas pelas propaganda jihadista na região, que passou a ser alvo da campanha contra extremismo depois de uma série de ataques em 2014.

Apesar de não confirmar acusação de "genocídio", o relatório há muito esperado da ACNUDH conclui que a China cometeu graves violações de direitos humanos sob suas políticas antiterrorismo e antiextremismo,  o que pode "constituir crimes internacionais, em particular crimes contra a Humanidade.". Também insta o governo chinês a  "cessar imediatamente qualquer prática de discriminação contra a população uigur e quaisquer outros grupos étnicos minoritários, incluindo internação ou prisão por motivos étnicos e religiosos para fins de desradicalização".

Desde 2019, muitos dos campos, chamados de centros de treinamento e educação vocacional por Pequim, foram desativados, mas centenas de milhares de pessoas continuam detidas, muitas sob acusações vagas e secretas. O relatório pediu à China que liberte todos os indivíduos detidos arbitrariamente e esclareça o paradeiro daqueles que desapareceram e cujas famílias estão buscando informações sobre eles.

"O relatório é bastante contundente e uma forte acusação aos crimes da China contra a humanidade", disse Rayhan Asat, advogado uigure cujo irmão está preso em Xinjiang, à Associated Press. "Durante anos, o governo chinês disse que os uigures são terroristas. Agora, podemos apontar para eles e dizer: vocês são os terroristas".

Grupos de direitos humanos, Japão e Alemanha também repercutiram rapidamente o relatório, que se envolveu em um cabo de guerra entre a China e as principais nações ocidentais, bem como grupos de direitos humanos que criticaram os repetidos atrasos na divulgação do documento.

A China reagiu a publicação do relatório, alegando que a "avaliação é uma colcha de retalhos de informações falsas que servem como ferramentas políticas para os EUA e outros países ocidentais usarem estrategicamente Xinjiang para conter a China". "Isso mostra novamente que o Escritório de Direitos Humanos da ONU foi reduzido a um executor e cúmplice dos EUA e de outros países ocidentais.",  declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Wang Wenbin, em entrevista à imprensa.

A publicação do relatório ocorreu um dia antes do término do mandato de Michelle Bachelet à frente do Alto Comissário, e é resultado da enorme pressão de diversos órgãos e países. Em entrevista nesta 5ª feira (1ª.set), Bachelet classificou a sua viagem à China, em maio deste ano, como o ponto alto do seu mandato, e reforçou que a defesa dos direitos humanos é uma tarefa que nunca termina. Sem sucessor escolhido, a alta comissária se colocou à disposição do escritório "para dar aconselhamento e compartilhar as "lições aprendidas".

* Com informações da Associated Press

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