Papa se encontra com sobreviventes e faz último pedido de desculpas no Canadá
Pontífice encerrou sua "peregrinação penitencial" na região de Nunavut, no limite do território canadense
Karyn Souza
Após quase uma semana de encontros com povos nativos de todo o Canadá, na jornada que batizou de "peregrinação penitencial", o Papa Francisco desembarcou, nesta 6ª feira (29.jul), na região de Nunavut, no limite do território canadense com Groenlândia, para entregar o seu último pedido de desculpas, pelos abusos físicos e psicológicos contra crianças indígenas no século passado.
Hoje com cerca de 7.500 habitantes, a cidade de Iqaluit, capital da remota porção de terra na borda do Ártico, serviu entre 1800 e 1970 como base para internatos administrados pela Igreja Católica, e financiados pelo governo canadense, para onde crianças indígenas eram levadas, após serem separadas de suas famílias.
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O objetivo das escolas era extinguir a cultura nativa e "doutrinar" as novas gerações aos padrões cristãos e europeus. Estima-se que mais de 3 mil alunos morreram nestas instalações.
"Como é ruim quebrar os laços que uniam pais e filhos, para prejudicar nossos relacionamentos mais próximos, para prejudicar e escandalizar os pequenos!", lamentou o Pontífice, em uma reunião de jovens e anciãos Inuítes, fora da construção onde era mantido um dos internatos.
O Papa também se encontrou com sobreviventes das escolas do território Nunavut, aos quais agradeceu por compartilharem suas experiências de sofrimento e resistência. Alguns dos relatos já haviam chegado ao conhecimento do líder da Igreja Católica no início do ano, quando delegações de povos das Primeiras Nações, Metis e Inuit viajaram ao Vaticano.
"Isso só nevou em mim a indignação e a vergonha que sinto por meses", ressaltou o Pontífice. "Quero dizer o quanto lamento, e pedir perdão pelo mal perpetrado não por alguns católicos que contribuíram para as políticas de assimilação cultural e concessão nessas escolas", ele acrescentou.
Em nota sobre a conclusão da peregrinação pelo Canadá, o Vaticano informou que Papa Francisco deve retornar à Roma na manhã deste sábado (30.jul), e ponderou: "Foram dias de memória, de encontros, de pedidos de perdão misturados com a vergonha, como disse várias vezes Francisco. Sementes lançadas pelo Papa, esperando que o futuro dê frutos de perdão, misericórdia e reconciliação".
**Com informações da Associated Press
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