Destino de ucranianos, Moldávia se preocupa com possível invasão russa
País está em estado de emergência e vive divisão política entre os que apoiam a Rússia e União Europeia
SBT Brasil
A fronteira da Moldávia, país que poucos já ouviram falar, registra uma fila quilométrica de carros. O país está espremido entre a Romênia e a Ucrânia, é ex-república da então União Soviética, e tem pouco mais de dois milhões e meio de habitantes, que sofrem forte influência da Rússia. A política da nação é dividida entre aqueles pró-União Europeia e os que apoiam Moscou.
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De Lviv, na fronteira ucraniana com a Polônia, até a capital Chisinau, foram mais de 10 horas de estrada, com as barreiras no lado ucraniano e o asfalto ruim na Moldávia, país mais pobre da Europa, com o PIB per capita -- divisão das riquezas por habitante -- menor, inclusive, que o do Brasil.
Um ginásio da capital é um dos muitos lugares improvisados pra receber os refugiados da guerra. Já são mais de 250 mil. É a maior crise humanitária que este país já viveu, mas este é só um dos problemas que o povo de lá precisa enfrentar agora.
A Moldávia está em estado de emergência, com o espaço aéreo fechado e na expectativa do que acontece a pouco mais de 60 quilômetros da capital, na fronteira com a Ucrânia, mas o que mais preocupa agora é a possibilidade de os russos conquistarem uma das cidades mais estratégicas para os ucranianos, ao sul -- o que pode representar uma ameaça direta para este país.
A região onde moradores se revezam pra preparar tecido camuflado e coquetéis molotov é o porto mais importante que os ucranianos têm no mar negro. Por enquanto, os analistas do país, como Iulian Grozan, consideraram uma invasão russa improvável. "Não estamos sob ameaça de invasão", afirmou o especialista ao SBT. Membro do Conselho de Segurança da Moldávia, ele diz que tudo pode mudar se Odessa for tomada.
O ditador de Belarus, Alexander Lukashenko, que é aliado da Rússia, chegou a apontar o território de Moldávia como um dos alvos da invasão. Neste fim de semana, Anthony Blinken, chefe da diplomacia dos Estados Unidos, visitou o país e avisou que os norte-americanos estão prontos pra retaliar a Rússia em caso de agressão contra os moldavos.
Maia Sandu, presidente do país, lembrou a ele que a Moldávia já tem tropas russas em seu território. Outro detalhe, que deixa a situação ainda mais tensa./
A Transnístria, também na fronteira com a Ucrânia, está sob controle de separatistas apoiados por Moscou há quase 30 anos. Nesta pequena faixa, há um arsenal com 22 mil toneladas de armas e munição. A Rússia mantém quase dois mil soldados na região, que conta ainda com seis mil paramilitares. É uma carta na manga que Vladimir Putin ainda não usou.
A Rússia continua divulgando imagens que mostram ataques precisos em bases militares ucranianas, mas proíbe que as TVs russas mostrem as cada vez mais numerosas áreas residenciais destruídas, como em Kharkiv e nos arredores de Kiev./
Nesta segunda, Moscou propôs corredores humanitários que levassem moradores de Kiev para a aliada Belarus e de outras cidades para o próprio território russo, o que foi classificado como inaceitável e imoral pelas autoridades ucranianas.
Aém dos escombros do que a guerra já destruiu, a Ucrânia é uma imensa teia de barreiras, barricadas, soldados e milícias, formadas, muitas vezes, por quem nunca pegou em uma arma.
Falta experiência pra lutar e pra fugir. A família que tentava escapar por uma rota de fuga, em um dos subúrbios da capital ucraniana, foi atingida em cheio. Mãe e os dois filhos morreram na hora.
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