Governo da França anuncia retirada de tropas militares do Mali
Operações contra grupos terroristas estavam em andamento há cerca de nove anos
O governo da França anunciou, na manhã desta 5ª feira (17.fev), a retirada das tropas militares do Mali, após nove anos de operações contra os grupos terroristas jihadistas, da religião islâmica. A decisão foi tomada em conjunto com os aliados europeus, que devem iniciar consultas políticas e militares para estabelecer os termos da ação até junho deste ano.
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"Não existem mais as condições políticas, operacionais e jurídicas para continuar de forma efetiva com o atual compromisso militar na luta contra o terrorismo no Mali e, portanto, decidimos iniciar a retirada coordenada", diz o comunicado. Os líderes expressaram, no entanto, a vontade de seguir com as operações em países vizinhos do Mali.
A retirada da França ocorre em um momento de tensão com a junta militar que tomou o poder no Mali após dois golpes de Estado, acusada de adiar a transição de poder e de recorrer aos serviços da empresa de mercenários russos Wagner.
Em pronunciamento nesta manhã, o presidente francês, Emmanuel Macron, reiterou que o recuo não deve ser considerado como "fracasso", uma vez que as operações combateram a insurgência islâmica que se dirigia à capital do Mali, evitando um colapso regional. Segundo ele, as atitudes das forças governamentais do país forçaram a desescalada da França.
"Não podemos permanecer militarmente engajados ao lado de autoridades de fato cuja estratégia e objetivos ocultos não compartilhamos", disse Macron, informando que a retirada de tropas deve durar de quatro a seis meses.
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Pouco tempo depois, o presidente do Senegal, Macky Sall, afirmou que a luta contra os grupos jihadistas não deve ser de responsabilidade exclusiva dos países africanos. "Concordamos com a Europa que a luta contra o terrorismo na região não pode ser apenas assunto dos países africanos, há um consenso sobre isso", afirmou Sall, ressaltando que grupos como AI-Qaeda e Estado Islâmico tornaram o território uma "estratégia para expansão".