Militar britânico quer resgatar 200 cães e gatos do Afeganistão
Paul Farthing dirige uma instituição que cuida de animais abandonados. Polêmica chegou à cúpula do governo britânico
Um militar reformado das Forças Armadas britânicas pode ser um dos passageiros a embarcar em um dos últimos voos de repatriação do Reino Unido. Com Paul Farthing, viajam outras 68 pessoas, 140 cachorros e 60 gatos.
Os animais poderão ter um privilégio que milhares de pessoas do lado de fora do aeroporto não terão. O restante das forças militares da Otan vai deixar o Afeganistão na próxima 3ª feira (31.ago). Vários países europeus já paralisaram as operações no país por problemas de segurança. Norte-americanos e europeus admitem que muitos afegãos vão ficar pra trás, mas o veterano insiste que embarcam todos do seu grupo ou não embarca ninguém.
Paul Farthing é um militar reformado das Forças Armadas britânicas. Ele serviu no Afeganistão e foi seguido por um cão depois de uma batalha, em 2006. O cachorro se chama Nowzad, mesmo nome do projeto que ele fundou pra ajudar animais de rua do país. Além de cães e gatos, a instituição também cuida de mulas abandonadas.
A história do resgate dos animais no Afeganistão virou um grande debate na imprensa e no meio político do Reino Unido nos últimos dias. O Secretário de Defesa, Ben Wallace, veio a público pra dizer que os animais não eram prioridade "sobre homens, mulheres e crianças que vemos desesperados no acesso ao aeroporto".
A determinação e a popularidade de Farthing deram uma reviravolta na história. Uma campanha foi lançada pra arrecadar doações até que fosse possível alugar um Airbus 330 pra trazê-lo junto com as 68 pessoas -- afegãos e britânicos -- e os mais de 200 animais. O projeto foi batizado de "Operação Arca". "Eu não preciso ouvir mais dos ministros que há uma lista de prioridades. Não faz sentido dizer que 'estamos colocando animais antes das pessoas'", afirmou Paul à rede britânica BBC.
Paul, seus funcionários, as famílias deles e os animais estavam tentando acesso ao aeroporto nesta 5ª feira (26.ago) quando os ataques terroristas aconteceram. Por problemas de segurança, a aeronave alugada que sairia de Londres e os buscaria em Cabul foi mantida na capital britânica. Os organizadores da campanha tinham um plano B e já avisaram que um avião pode partir de um país vizinho para resgatar o britânico e seus animais.
O problema é chegar ao aeroporto. Nem o avião alugado, nem a caravana de homens e animais tem acesso garantido. A situação de segurança em Cabul é das piores possíveis, mas o veterano britânico diz que só deixa o Afeganistão acompanhado dos animais.