Publicidade
Mundo

100 dias do governo Biden: "peguei uma nação em crise"

Antes de partir para a Geórgia, presidente dos Estados Unidos discursou no Congresso americano

Imagem da noticia 100 dias do governo Biden: "peguei uma nação em crise"
Joe Biden
• Atualizado em
Publicidade

Washington DC -  Há cem dias a capital americana lembrava as cidades ocupadas militarmente no Oriente Médio. Em cada esquina, militares, check-points, barreiras de concreto e um temor velado de que um novo ataque poderia acontecer. No fim de janeiro o entorno do Capitólio ainda era uma zona considerada de alto risco e o alerta era máximo. Hoje, as barreiras físicas ao redor da sede do legislativo ainda estão presentes mas o clima na cidade é mais parecido ao de sempre. Lojas sem tapumes, trânsito livre, a frente da estação de trem aberta para uma recepção visual que encanta.

Nesta 5ª feira (29.abr), Joe Biden vai para a Geórgia. Lá, encontra a tarde o ex-presidente Jimmy Carter. Essa foi a agenda escolhida para o marco dos cem dias. Horas antes, no Congresso americano, o democrata fez o primeiro discurso no Congresso. Num texto de 23 páginas, Joe Biden falou sobre essencialmente sobre a necessidade de reerguer a economia americana e criar empregos na pandemia. Deu destaque ao meio ambiente e mais brevemente, citou a crise migratória e as questões internacionais. E pela primeira vez na história dos Estados Unidos, Biden falou junto a duas mulheres: Nancy Pelosi, líder da Câmara dos Representantes e Kamala Harris, vice presidente. "Há quase 100 dias peguei uma nação em crise. A pior pandemia do século, A pior crise econômica desde a Grande Depressão. O pior ataque à democracia desde a Segunda Guerra", disse Biden na abertura do discurso. Confira os destaques:

"Há quase 100 dias peguei uma nação em crise"
Na abertura do discurso aos legisladores, Biden culpou o passado. Disse que pegou a liderança do país durante a pior pandemia do século, a pior crise econômica desde a Grande Depressão e após o pior ataque à democracia desde a Segunda Guerra, ao se referir à invasão ao Capitólio no começo de janeiro. "A  América está se reerguendo, não temos outro caminho." 

PANDEMIA: Biden em nenhum momento citou a descoberta da vacina concluída na administração anterior. Focou no que fez a partir daí: "Distribuímos 220 milhões de doses da vacina contra covid em 40 mil farmácias e em mais de 700 centros de saúde". Biden disse ainda que 90% dos americanos vivem a 8km de um local de vacinação, que hoje nos Estados Unidos qualquer pessoa maior de 16 anos pode ser vacinada e que em 100 dias de administração democrata, 70% dos idosos estão totalmente protegidos". Segundo Biden, as mortes dos idosos nestes 3 meses e 10 dias dias caíram 80%".

RECUPERAÇÃO ECONÔMICA:  Plano de Recuperação Econômica que entrega alimentos para americanos em necessidade. Destinou dinheiro para dependentes de opioides. Disse ainda: "Graças ao Plano de recuperação econômica, vamos cortar a pobreza infantil pela metade este ano".1,3 milhões de empregos criados em 100 dias. Citou o Plano de Empregos para modernizar infraestrutura de transportes no país. Levou internet a 35% das áreas rurais americanas ainda desconectadas.

CLIMA: "Por muito tempo, falhamos ao abordar a questão climática mas o foco são os empregos".

'Wall Street não construiu este país"

Sobre empregos, Biden falou diretamente ao telespectador que assistia o discurso pela tevê: "Se você pensa como haverá um emprego pra você, explico. 90% das vagas criadas não precisaram de um título acadêmico. 75% não precisam de filiação de classe". Citou a distribuição de renda, dizendo: "Wall Street não construiu este país. A classe média construiu este país e os sindicatos construíram a classe média". Aos legisladores e à população, prometeu assinar um decreto para garantir salário igualitário às mulheres.

"A tecnologia será usada para combater doenças" 

TECNOLOGIA: O democrata garantiu que nos próximos 10 anos a população americana verá um salto tecnológico maior do que nos últimos 50 anos. Defendeu que os Estados Unidos dominem a produção de tecnologia: chips, computadores, biotecnologia, baterias e deu destaque à saúde. "A tecnologia será usada para combater doenças. Biden citou Alzheimer e a diabetes. "Vamos acabar com o câncer. Temos poder para isso" defendendo que o conhecimento científico receba incentivo financeiro para a descoberta da cura da doença que mata milhões de pessoas em todo o mundo. 

EDUCAÇÃO: No discurso dos 100 dias, Biden explicou como será o Plano da Família Americana. O projeto, segundo o presidente, garante mais 4 anos de educação gratuita para qualquer americano, 2 anos de educação para crianças entre 3 e 4 anos e dois anos de ensino superior gratuito. Citou a esposa que é professora: "Jill hoje ensina como Primeira Dama". Ao fim, garantiu que famílias de baixa renda não vão gastar mais que 7% do orçamento para garantir educação de crianças até 5 anos de idade.

SAÚDE: A pandemia evidenciou uma falha no sistema americano. Sem sistema público de saúde, Biden projetou para o futuro baixar o preço dos medicamentos sem especificar como isso será feito. "Saúde deve ser um direito não um privilégio na América", ele disse.

IMPOSTOS: Desde a campanha eleitoral, o Democrata tem focado nos que ganham mais. Biden afirmou que 55 das maiores corporações americanas pagaram zero imposto ano passado. "Zero impostos e U$40 bilhões em lucros. Isso não está certo", disse o presidente democrata afirmando ainda que  muitas das empresas grandes evadem impostos levando o dinheiro para Suíça, Bermudas ou Ilhas Cayman. Segundo Biden, uma reforma fiscal vai acontecer em breve nos Estados Unidos de forma a privilegiar o trabalhador não os ricos. O presidente precisa, para isso, de aprovação do Congresso.

MEIO AMBIENTE: Anfitrião da recente Cúpula Virtual do Clima, Biden colocou panos quentes nas emissões de gases poluentes de seu país. Disse: "Os EUA são responsáveis por menos de 15% da emissão de gás carbono. O resto do mundo é responsável por 85%". Mais uma vez, apontou que o caminho para o combate do aquecimento global é a geração de empregos em tecnologias limpas como postos de carregamento de energia para carros elétricos. 

CHINA: "Na conversa com Xi-Jinping disse que os Estados Unidos dão as boas vindas para a competição, que não buscam conflito mas que defendem os interesses dos americanos", afirmou o democrata. Biden ainda disse que, na conversa com o líder chinês garantiu que a América não abre mão do comprometimento com os direitos humanos e a liberdade".

 RÚSSIA, CORÉIA DO NORTE E IRÃ: Biden afirmou que na conversa que teve com Putin afirmou que não quer a escalada nos conflitos entre os dois países e que as ações russas terão consequências. Citou ainda o recomeço do acordo nuclear que foi desfeito na administração passada. Afirmou ainda que trabalhará com países aliados para lidar com a ameaça nuclear da Coréia do Norte e do Irã. 

PRESENÇA MILITAR NO EXTERIOR:  "O Afeganistão não deveria ser uma guerra com multigerações indo para o front,", disse Biden afirmando que a guerra no Afeganistão começou para encontrar os responsáveis pelo ataque de 11 de Setembro. "Bin Laden foi morto e é hora de trazer os militares para casa", finalizou sobre o tema.

"Vimos o joelho da injustiça no pescoço da comunidade negra americana"

RACISMO: "Vimos o joelho da injustiça no pescoço da comunidade negra americana. É chegada a hora de fazermos progressos reais para reconstruir a confiança para acabar com o racismo sistêmico.", disse o presidente dos Estados Unidos. Biden ainda sugeriu uma reforma judiciária racial sem especificar como isso seria feito e sugeriu o lançamento da proposta em maio quando a morte de George Floyd completará 1 ano. Biden citou brevemente a violência contra asiáticos defendendo a assinatura de um ato igualitário para Lgbts e mulheres. 

 

ARMAS: O tema foi tratado em discursos recentes do democrata. No congresso, mais uma vez, Joe Biden disse que os assassinatos por armas no país configuram uma epidemia e que fará tudo que estiver ao seu alcance para proteger os americanos da violência armada. Mas afirmou que o Congresso precisa ajudar. Pela primeira vez, Biden falou diretamente aos senadores republicanos para que se juntem ao tema e aprovem a reforma de controle de armas no país. 

 

IMIGRAÇÃO: "Temos que combater o raiz do problema: terremotos, violência, corrupção nos países da América Central", afirmou o presidente não citando a questão das crianças presas em centros de detenção provisória na fronteira com o México. Para Biden, o problema da imigração ilegal tem que ser resolvida nos países de origem dos imigrantes. Ele afirma que quando vice de Obama países da América Central recebiam auxílio financeiro para tal fim mas isso foi encerrado no governo passado. 

Ao fim, Joe Biden lembrou que a constituição americana começa com as palavras "Nós, o povo". Ele completou: "Nós somos eu e você".

Assista à reportagem completa do SBT Brasil:

Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade
Publicidade