Eleições americanas : o que Trump e Biden não falaram no debate
A América Latina e a imigração - temas da campanha eleitoral americana de 2016 - não fizeram parte do primeiro debate entre os candidatos
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Nova York - Entre tantas pessoas que responderam a pergunta "o que você achou do debate" nesta manhã de quarta-feira (30.set), a melhor descrição foi a do auxiliar de serviços gerais do edifício do Brooklyn: "parecia uma luta de box". Danilo veio de Honduras. A moça da portaria é da República Dominicana. Yudi afirmou que "o primeiro encontro foi bom para os dois diminuírem a tensão entre eles. Tensão entre dois homens ricos" disse a jovem latina que já assistiu o debate entre os candidatos à presidência dos Estados Unidos duas vezes e afirmou querer ver uma terceira para prestar atenção nos detalhes.
No momento em que o mundo enfrenta uma pandemia, Trump e Biden focaram nas questões internas que explodiram nos últimos meses: Suprema Corte, protestos contra o racismo, planos de saúde, como recuperar a economia, queimadas e o voto por correspondência tão criticado por Donald Trump...
As questões que envolvem a América Latina, um dos temas da campanha de 2016, não foram debatidas. Trump foi eleito há quatro anos prometendo expandir o muro na fronteira com o México ao afirmar que as administrações passadas erraram ao tratar o tema imigração e ao conceder entrada livre a muitas pessoas de má índole que vinham para os Estados Unidos praticar crimes e violência. Trump foi muito criticado nos últimos anos pela forma que as crianças, filhos e filhas de imigrantes, foram e são tratados nos centros de detenção com a separação dos pais. Em janeiro de 2019 reverberou que as caravanas vindas de Honduras não entrariam de qualquer forma e mandou o exército para a fronteira. O mundo esperava um conflito a qualquer momento mas ao fim a grande maioria ficou em território mexicano com a promessa do país vizinho de ajudar a resolver a questão.
A fala destacada de Biden sobre a "destruição da floresta no Brasil" e a intenção de que países se reúnam para a criação de fundo de ajuda econômica foi um comentário breve no tema aquecimento global quando o candidato democrata criticava Trump por sua postura em relação assunto. Nem moderador nem candidatos desenvolveram a questão de como a realidade na parte sul do continente impacta os Estados Unidos e como o inverso também é verdadeiro. O fogo na costa oeste americana, por exemplo, gerou uma cortina de fumaça que atravessou o país e chegou à Nova York. O democrata e o republicano não discorreram sobre o que se passa na parte colombiana da floresta e quando o assunto foi Covid-19 não falaram sobre turismo e como a pandemia afetou o trânsito dos familiares estrangeiros impedidos de visitar seus parentes que vivem nos Estados Unidos.
Biden e Trump deram suas visões sobre reabrir ou não a economia, falaram sobre prazo para a vacina mas, para o cidadão americano, faltou a informação de como os postos de trabalho perdidos, na prática, podem ser reestabelecidos. Sobre a Europa e os acordos com aquele continente, nenhuma pergunta ou comentário. O Oriente Médio também ficou fora da discussão. Em 03 de janeiro deste ano, Trump autorizou a ação na saída do aeroporto de Bagdá que resultou na morte do general iraniano Qasem Soleimani. Nos últimos meses o presidente americano retirou tropas do Afeganistão, prometeu a volta de mais 10 mil militares que estão em solo estrangeiro e sobre isso o único comentário foi que "Biden destruiu o exército do país".
Da Ásia, a única palavra presente foi "China" quando Trump citou a origem do novo coronavírus. Na Assembleia Geral da ONU deste ano, o secretário-geral António Guterres citou a expressão "nova guerra fria". Tema atual também não presente no evento da última noite. A segurança dos dados pessoais no mundo digital - fato que levou Trump a determinar a proibição dos aplicativos TikTok e WeChat - decisão barrada posteriormente pela justiça, não foi citada.
No começo do debate descrito por muitos como caótico, o jornalista Chris Wallace - que conduziu o evento com pulso firme - aclarou que as perguntas foram formuladas por ele e que de forma alguma o conteúdo foi compartilhado com as equipes dos candidatos. Faltam ainda dois encontros televisionados entre Trump e Biden. O próximo será em quinze dias e uma das dúvidas, além de como os dois irão se comportar, é se a política internacional incluindo a América Latina será tratada.
( A foto que ilustra a reportagem é Reprodução da Associated Press )
No momento em que o mundo enfrenta uma pandemia, Trump e Biden focaram nas questões internas que explodiram nos últimos meses: Suprema Corte, protestos contra o racismo, planos de saúde, como recuperar a economia, queimadas e o voto por correspondência tão criticado por Donald Trump...
As questões que envolvem a América Latina, um dos temas da campanha de 2016, não foram debatidas. Trump foi eleito há quatro anos prometendo expandir o muro na fronteira com o México ao afirmar que as administrações passadas erraram ao tratar o tema imigração e ao conceder entrada livre a muitas pessoas de má índole que vinham para os Estados Unidos praticar crimes e violência. Trump foi muito criticado nos últimos anos pela forma que as crianças, filhos e filhas de imigrantes, foram e são tratados nos centros de detenção com a separação dos pais. Em janeiro de 2019 reverberou que as caravanas vindas de Honduras não entrariam de qualquer forma e mandou o exército para a fronteira. O mundo esperava um conflito a qualquer momento mas ao fim a grande maioria ficou em território mexicano com a promessa do país vizinho de ajudar a resolver a questão.
A fala destacada de Biden sobre a "destruição da floresta no Brasil" e a intenção de que países se reúnam para a criação de fundo de ajuda econômica foi um comentário breve no tema aquecimento global quando o candidato democrata criticava Trump por sua postura em relação assunto. Nem moderador nem candidatos desenvolveram a questão de como a realidade na parte sul do continente impacta os Estados Unidos e como o inverso também é verdadeiro. O fogo na costa oeste americana, por exemplo, gerou uma cortina de fumaça que atravessou o país e chegou à Nova York. O democrata e o republicano não discorreram sobre o que se passa na parte colombiana da floresta e quando o assunto foi Covid-19 não falaram sobre turismo e como a pandemia afetou o trânsito dos familiares estrangeiros impedidos de visitar seus parentes que vivem nos Estados Unidos.
Biden e Trump deram suas visões sobre reabrir ou não a economia, falaram sobre prazo para a vacina mas, para o cidadão americano, faltou a informação de como os postos de trabalho perdidos, na prática, podem ser reestabelecidos. Sobre a Europa e os acordos com aquele continente, nenhuma pergunta ou comentário. O Oriente Médio também ficou fora da discussão. Em 03 de janeiro deste ano, Trump autorizou a ação na saída do aeroporto de Bagdá que resultou na morte do general iraniano Qasem Soleimani. Nos últimos meses o presidente americano retirou tropas do Afeganistão, prometeu a volta de mais 10 mil militares que estão em solo estrangeiro e sobre isso o único comentário foi que "Biden destruiu o exército do país".
Da Ásia, a única palavra presente foi "China" quando Trump citou a origem do novo coronavírus. Na Assembleia Geral da ONU deste ano, o secretário-geral António Guterres citou a expressão "nova guerra fria". Tema atual também não presente no evento da última noite. A segurança dos dados pessoais no mundo digital - fato que levou Trump a determinar a proibição dos aplicativos TikTok e WeChat - decisão barrada posteriormente pela justiça, não foi citada.
No começo do debate descrito por muitos como caótico, o jornalista Chris Wallace - que conduziu o evento com pulso firme - aclarou que as perguntas foram formuladas por ele e que de forma alguma o conteúdo foi compartilhado com as equipes dos candidatos. Faltam ainda dois encontros televisionados entre Trump e Biden. O próximo será em quinze dias e uma das dúvidas, além de como os dois irão se comportar, é se a política internacional incluindo a América Latina será tratada.
( A foto que ilustra a reportagem é Reprodução da Associated Press )
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