Mundo
Uma história sobre Manhattan no dia do primeiro debate entre Trump e Biden
Em meio aos questionamentos sobre os impostos declarados à receita americana, Trump se prepara para o primeiro debate desta campanha
Patrícia Vasconcellos
• Atualizado em
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Nova Iorque - O livro de cabeceira é "Rage", raiva. Falta pouco mais da metade para a finalização das 426 páginas que trazem dezoito entrevistas de Donald Trump concedidas entre 2019 e 2020 ao jornalista Bob Woodward. Leitura para a noite. Antes do café, mais uma dose do mesmo personagem. O podcast "Daily" do New York Times trouxe nesta terça-feira (29.set) a participação dos jornalistas que realizaram a reportagem investigativa sobre os impostos do presidente americano e suas cerca de 500 empresas que estão em análise pelo IRS (Internal Revenue Service) - agência do Departamento do Tesouro equivalente à Receita Federal no Brasil. Em meia hora, os jornalistas falam sobre as centenas de páginas recebidas em um trabalho, que segundo eles, começou há dois anos.
O The New York Times afirma que Trump usou os benefícios de uma lei criada por Barack Obama que permite ao empresário americano no vermelho deduzir pagamentos ao fisco. As empresas do presidente dos Estados Unidos declararam ter tido mais prejuízo que lucro ao longo dos anos. Por isso o valor pago em 2016, por exemplo, foi US$ 750. Ancoradas no que dizem as regras, as empresas do conglomerado Trump pedem ao tesouro nacional, segundo a reportagem, uma restituição milionária. A batalha com o IRS já dura 10 anos e até agora uma decisão não foi tomada. Trump afirma que não tornou as declarações de impostos públicas porque elas estão em auditoria.
Além do factual já tão explorado em centenas de textos e análises ao redor do mundo, chama a atenção o quanto a trajetória do empresário, entertainer e atual presidente pode ser coincidente em alguns momentos. No documentário "Trump: um Sonho Americano " (lançado em 2017 pelo canal britânico Channel 4 e em 2018 pela Netflix) o primeiro episódio reconstrói o caminho perseguido por Trump para lograr seu primeiro sucesso imobiliário em Manhattan na década de setenta. Seu pai, Fred Trump, construiu nos anos anteriores 22 mil unidades habitacionais no Brooklyn e no Queens (local de nascimento do atual presidente). A ilha onde está o Central Park foi conquista de um dos cinco filhos, hoje na Casa Branca.
Em 1976, Trump entrou no mercado imobiliário de Manhattan ao conseguir adquirir o Hotel Commodore em parceria com uma grande corporação que até então não estava no ramo da hotelaria, a Hyatt. No acordo fechado na época, os parceiros de negócio ficaram com a responsabilidade de administrar o empreendimento após uma reforma completa do edifício. Já Trump conseguiu sua parte do negócio projetando investimento versus o abatimento de impostos municipais ao longo de muitos anos. A prefeitura de Nova York, no fim da década de 70, aceitou a proposta de Donald Trump e abateu impostos do edifício por 50 anos. Para conseguir o acordo e isenção fiscal por meio século, Trump argumentou que se ele não assumisse o hotel, o local seria fechado levando a cidade à uma imagem de fracasso. Certo ou não, o empresário hoje presidente conseguiu a isenção e o Commodore reabriu em 1980 com novo nome, incorporando no batismo a empresa que o administrava.
Desta vez, os jornalistas do The New York Times argumentam que a questão é se a imagem vendida pelo presidente em 2016 - de um empresário de sucesso - condiz com a condição refletida nas declarações que mostram prejuízo das corporações e solicitam restituição ao tesouro americano por isso. Donald Trump afirma que tudo é parte do que permite a lei e que quando a auditoria tiver finalizado ele mostrará as declarações sem qualquer problema.
Nesta noite, Trump estará em Cleveland, Ohio, para participar à noite do primeiro debate frente a frente com seu oponente, o democrata Joe Biden. Desde a publicação da reportagem do NYTimes sobre os impostos do presidente, os democratas focam no assunto. Na segunda-feira (28.set) um vídeo exibido na internet pela campanha de Biden pontua o valor médio pago por diferentes profissões nos Estados Unidos: professor, bombeiro, trabalhador da construção civil. Todos tem contribuições maiores que os US$ 750 declarados pelo presidente em 2016. Donald Trump focou a agenda desta terça (29.set) no debate. Depois do almoço segue com a primeira dama para Ohio.
( A foto ilustrativa da reportagem é uma reprodução do Museum of the City of New York do Commodore Hotel )
O The New York Times afirma que Trump usou os benefícios de uma lei criada por Barack Obama que permite ao empresário americano no vermelho deduzir pagamentos ao fisco. As empresas do presidente dos Estados Unidos declararam ter tido mais prejuízo que lucro ao longo dos anos. Por isso o valor pago em 2016, por exemplo, foi US$ 750. Ancoradas no que dizem as regras, as empresas do conglomerado Trump pedem ao tesouro nacional, segundo a reportagem, uma restituição milionária. A batalha com o IRS já dura 10 anos e até agora uma decisão não foi tomada. Trump afirma que não tornou as declarações de impostos públicas porque elas estão em auditoria.
Além do factual já tão explorado em centenas de textos e análises ao redor do mundo, chama a atenção o quanto a trajetória do empresário, entertainer e atual presidente pode ser coincidente em alguns momentos. No documentário "Trump: um Sonho Americano " (lançado em 2017 pelo canal britânico Channel 4 e em 2018 pela Netflix) o primeiro episódio reconstrói o caminho perseguido por Trump para lograr seu primeiro sucesso imobiliário em Manhattan na década de setenta. Seu pai, Fred Trump, construiu nos anos anteriores 22 mil unidades habitacionais no Brooklyn e no Queens (local de nascimento do atual presidente). A ilha onde está o Central Park foi conquista de um dos cinco filhos, hoje na Casa Branca.
Em 1976, Trump entrou no mercado imobiliário de Manhattan ao conseguir adquirir o Hotel Commodore em parceria com uma grande corporação que até então não estava no ramo da hotelaria, a Hyatt. No acordo fechado na época, os parceiros de negócio ficaram com a responsabilidade de administrar o empreendimento após uma reforma completa do edifício. Já Trump conseguiu sua parte do negócio projetando investimento versus o abatimento de impostos municipais ao longo de muitos anos. A prefeitura de Nova York, no fim da década de 70, aceitou a proposta de Donald Trump e abateu impostos do edifício por 50 anos. Para conseguir o acordo e isenção fiscal por meio século, Trump argumentou que se ele não assumisse o hotel, o local seria fechado levando a cidade à uma imagem de fracasso. Certo ou não, o empresário hoje presidente conseguiu a isenção e o Commodore reabriu em 1980 com novo nome, incorporando no batismo a empresa que o administrava.
Desta vez, os jornalistas do The New York Times argumentam que a questão é se a imagem vendida pelo presidente em 2016 - de um empresário de sucesso - condiz com a condição refletida nas declarações que mostram prejuízo das corporações e solicitam restituição ao tesouro americano por isso. Donald Trump afirma que tudo é parte do que permite a lei e que quando a auditoria tiver finalizado ele mostrará as declarações sem qualquer problema.
Nesta noite, Trump estará em Cleveland, Ohio, para participar à noite do primeiro debate frente a frente com seu oponente, o democrata Joe Biden. Desde a publicação da reportagem do NYTimes sobre os impostos do presidente, os democratas focam no assunto. Na segunda-feira (28.set) um vídeo exibido na internet pela campanha de Biden pontua o valor médio pago por diferentes profissões nos Estados Unidos: professor, bombeiro, trabalhador da construção civil. Todos tem contribuições maiores que os US$ 750 declarados pelo presidente em 2016. Donald Trump focou a agenda desta terça (29.set) no debate. Depois do almoço segue com a primeira dama para Ohio.
( A foto ilustrativa da reportagem é uma reprodução do Museum of the City of New York do Commodore Hotel )
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