Rapaz amarrado com cordas durante abordagem policial pede indenização por tortura
Jovem negro foi detido por furtar chocolates em um supermercado da capital paulista. Ação também pede condenação do estado de SP
Wagner Lauria Jr.
A defesa de Robson Rodrigo Francisco, amarrado pelos pés e mãos com corda durante uma abordagem policial, protocolou, nesta terça-feira (24), um pedido de indenização por danos morais de R$ 1 milhão na Justiça de São Paulo.
Caso aconteceu após o jovem negro ser acusado de furtar chocolates em um supermercado na cidade de São Paulo, em junho de 2023, junto com outras duas pessoas. A ação também solicita a condenação do estado de São Paulo pela prática de tortura cometida pelos policiais militares no exercício da profissão.
O advogado de defesa de Robson, José Luiz de Oliveira Júnior, disse que o homem foi tratado como um "verdadeiro animal" e que ação policial vista nas imagens remete à época da Ditadura Militar.
José Luiz reitera que Robson foi agredido por recusar-se a se sentar durante a abordagem dos policiais e completa:
“Em razão da violação à sua integridade física e moral, em decorrência de uma abordagem policial excessiva e violenta, baseada em pura tortura ao custodiado, é que o autor propõe a presente ação”, diz
Relembre o caso
O caso aconteceu em 06 de junho de 2023. Na ocasião, a polícia foi acionada e localizou o grupo, Robson e mais duas pessoas, junto com as caixas de chocolate.
+ Por suspeita de furtar chocolate, polícia amarra pés e mãos de homem
O suspeito não foi algemado e, durante a prisão, teria tentado fugir e se machucou.
No trajeto entre a prisão em flagrante e o local da unidade de saúde, o homem foi amarrado pelas mãos e pés, sendo arrastado e carregado pelos militares até a viatura. O suspeito ainda foi jogado em cima de uma maca e, depois, teve que se acomodar para entrar na viatura, mesmo com a mobilidade reduzida por conta das cordas amarradas.
Na época, Robson chegou a se tornar réu na Justiça pelos crimes de furto qualificado por concurso de agentes (quando uma infração penal tem a participação de mais de duas pessoas), resistência à prisão e corrupção de menor de idade. Além dele, um menor foi apreendido e outro suspeito foi preso.
“A gente tem consciência que é pelo fato de ele ser negro, pelo fato de ele ser periférico, pelo fato de ele estar vestido com roupas mais simples, por estar convivendo em um lugar com menos asseio de higiene. Isso é preconceito, aporofobia, ódio contra pobre e racismo, sim”, disse seu advogado de defesa, José Luiz, após ele se tornar réu da Justiça
Em nota, a Polícia Militar disse que os agentes foram afastados para apurar "eventuais excessos".